Chef português recorre a "crowdfunding" para reabrir restaurante em Londres

Nuno Mendes quer angariar 2,5 milhões de euros para reabrir restaurante Viajante, em Londres. "Chef" português já conta com uma estrela Michelin no currículo

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Prefiro muitas pessoas com pouco investimento do que poucas com muito dinheiro. É mais democrático, defende Nuno DR

O cozinheiro português estabelecido em Londres Nuno Mendes lançou uma campanha de financiamento "crowdfunding" na Internet de 2,5 milhões de euros para reabrir o restaurante Viajante, encerrado no ano passado após apenas quatro anos em funcionamento.

O Viajante abriu em 2010 adjacente ao Town Hall Hotel, em Bethnal Green, foi o primeiro estabelecimento criado de raiz por Nuno Mendes e a ementa, embora inspirada por diferentes cozinhas do mundo, assumia já uma componente portuguesa importante. Meses depois, em 2011, valeu ao "chef" lisboeta a sua primeira estrela Michelin e foi incluído na lista dos 100 melhores restaurantes do mundo. Porém, encerrou em 2014, quando Nuno Mendes passou a liderar a cozinha do Chiltern Firehouse, um restaurante de inspiração norte-americana, que faz parte de um hotel com o mesmo nome e que se tornou bastante popular na capital britânica.

"Cada vez que encontramos pessoas que estiveram no Viajante falam com pena e saudade, o que nos faz pensar que aquilo que estávamos a fazer era mesmo especial. Esta é uma oportunidade para juntar essas vozes e levá-las a participar na recriação do restaurante", disse Nuno Mendes à agência Lusa.

Os 1,75 milhões de libras (2,46 milhões de euros) que o português pretende angariar é o mínimo necessário para lançar o projecto e corresponde a 33% do capital social. "Prefiro muitas pessoas com pouco investimento do que poucas com muito dinheiro. É mais democrático", defendeu, manifestando esperança que a campanha também capte investidores em Portugal.

Para o novo Viajante, que pretende abrir ao público no Outono de 2016, Nuno Mendes escolheu a localização em Wapping, no leste de Londres, no edifício Metropolitan Wharf, uns antigos armazéns recuperados junto ao rio Tamisa e inseridos numa zona revitalizada da cidade. O objectivo é abrir um espaço refinado, que seja ao mesmo tempo íntimo e calmo, mas também que proporcione uma experiência culinária estimulante.

"O Viajante é a minha história, das minhas viagens, das minhas ideais. É uma gastronomia moderna, mas acho que vai ter mais referências e influências portuguesas porque agora sinto-me mais preparado", adiantou. Além de "chef" executivo no Chiltern Firehouse, cargo que irá manter, Nuno Mendes dirige também desde os meados deste ano a Taberna do Mercado, um restaurante onde recria alguns pratos tradicionais portugueses usando técnicas e combinações de ingredientes inovadoras.

A campanha de "crowdfunding" foi lançada na plataforma Seedrs, fundada no Reino Unido pelo também português Carlos Silva para angariar capital para projectos empresariais. O investimento mínimo nesta campanha são 10 libras (14 euros) e, além de receberem acções no negócio, os investidores poderão também ser elegíveis para benefícios como reservas, refeições gratuitas e convites exclusivos, dependendo do montante investido.

Nascido em Lisboa, Nuno Mendes formou-se na California Culinary Academy, em San Francisco na década de 1990, trabalhando posteriormente com alguns dos maiores "chefs" do mundo, incluindo Wolfgang Puck, Rocco di Spirito, Jean-Georges Vongerichten e Ferran Adrià. Após viagens pela América Central, Europa e Ásia, Nuno estabeleceu-se em Londres onde, em 2006, abriu em sociedade o "gastropub" Bacchus.

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