“Ó mãe, vou emigrar”, um guia para quem vai sair de Portugal

Patrícia Marcelino diz que portugueses a contactam cada vez mais para pedir conselhos. Primeiro volume do livro ”Ó mãe, vou emigrar" já está à venda em versão digital

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O guia tem o mesmo nome das oficinas que Patrícia Marcelino tem orientado Pixabay

A autora de um guia prático sobre como emigrar para o Reino Unido afirmou estar a receber de portugueses e angolanos que residem em Angola um crescente interesse nos seus conselhos. "Não só angolanos, mas pessoas que estão em Angola e que pensam sair por causa da crise. E brasileiros que estão em Portugal", disse Patrícia Marcelino à agência Lusa.

Os contactos são feitos pelas redes sociais e foi isso que a levou a editar em versão digital "Ó mãe, vou emigrar" (8,99 libras, cerca de 12,80 euros), dirigido a quem pondera emigrar para o Reino Unido. "Permite chegar mais depressa a mais pessoas. A edição em papel deverá estar disponível no final do mês", adiantou. O primeiro de três volumes cobre questões como os documentos necessários para mudar a residência para o Reino Unido, incluindo as questões relacionadas com o subsídio de desemprego em Portugal. Os livros seguintes, que deverão sair nos próximos meses de Dezembro e Janeiro, explicam como fazer um currículo, procurar emprego, alojamento ou como lidar com as burocracias administrativas britânicas.

O guia tem o mesmo nome das oficinas que Patrícia Marcelino, voluntária junto da comunidade portuguesa em Londres, realiza em Portugal para aconselhar potenciais emigrantes. "O objectivo", vincou, não é incentivar as pessoas a emigrarem, mas atrasar o máximo possível a vinda. Devem estudar e preparar-se bem antes de pôr a mochila às costas e só tomar a decisão depois de planear bem".

O projecto começou no início deste ano e tem realizado "workshops" com autarquias, estabelecimentos de ensino, agências de formação, preparando-se para trabalhar nos próximos dias com o Ministério da Defesa Nacional. "Pretende mostrar aos ex-militares e militares contratados oportunidades após o fim dos contratos, que têm um limite de oito anos", explicou.

Patrícia Marcelino instalou-se em Londres em 2012 para terminar um doutoramento em comunicação, mas nos últimos anos dedicou-se a ajudar a comunidade portuguesa, organizado acções de culturais e de apoio social, como aulas de inglês. Segundo a sua experiência, as duas principais barreiras numa boa experiência de emigração para o Reino Unido são a falta do domínio da língua inglesa e o envio de currículos em formato inadequado. "Enviam o currículo em modelo Europass e ficam sem resposta sem perceber porquê. Aqui ninguém faz currículos dessa maneira", vincou. Quanto ao idioma, enfatizou, é necessário um conhecimento mínimo. "A pronúncia não é importante porque há muitos estrangeiros e isso não impede a progressão profissional", garantiu.

A autora avisou ainda para o risco de ficar no quarto de amigos porque podem ser despejados pelos senhorios e de calcularem o custo de vida com base no salário mínimo. "No início nem sempre se tem um trabalho normal e o dinheiro pode não chegar para pagar alojamento e transportes, que são as coisas mais caras", advertiu.

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