Lucy criou roupa na perspectiva de quem usa cadeira de rodas

Estudante norte-americana criou modelos de peças de roupa adaptadas a quem passa a maior parte do tempo sentado. Aumentar o conforto e a independência das pessoas que utilizam cadeira de rodas é o objectivo de Lucy Jones

Vestir uma camisola, apertar botões, abrir um fecho éclair. Gestos diários tão simples como estes podem assumir uma complexidade diferente quando falamos de pessoas que utilizam uma cadeira de rodas. Foi a pensar nesta dificuldade na hora de vestir ou despir que Lucy Jones se decidiu a estudar uma forma de tornar a moda mais acessível e confortável para quem se movimenta em cadeira de rodas. “Seated design” é como a estudante norte-americana apelida esta forma de criar peças de roupa que se adaptem à postura dos membros, diferente de patologia para patologia.

A ideia surgiu quando o primo Jake lhe disse que gostava de ter mais independência no que diz respeito a vestir-se. Lucy aceitou o desafio de Jake e resolveu abordar o assunto enquanto designer de moda. No vídeo de apresentação do projecto, a jovem explica que o seu objectivo foi implementar “soluções de design de roupa funcional, confortável e mais atractiva” para pessoas que se movimentam em cadeiras de rodas.

Ao estudar a postura do corpo de quem passa a maior parte do tempo sentado e tem paralisias nos membros superiores ou inferiores, a estudante universitária percebeu que as roupas comuns não estavam preparadas para responder às suas necessidades. No vestuário tradicional, as zonas dos cotovelos e dos joelhos, por exemplo, exercem mais pressão e limitam movimentos quando estamos sentados e com os braços pousados em braços de cadeiras.

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Lucy começou por mimetizar a postura de Jake para perceber, com exactidão, quais as dificuldades que sentia e passou a criar casacos e calças enquanto estava sentada, reflectindo sobre o corpo humano nessa posição. “Para um corpo sentado, muitas das medidas e padrões ‘standard’ do design de moda não são aplicações, devido à variedade anatómica que provém da deficiência”, relata no vídeo.

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As mangas das camisolas ou camisas têm tecido extra na zona do cotovelo. E nas calças acontece o mesmo, mas no joelho. Para facilitar o acto de vestir e aumentar a independência de quem o faz, a roupa apresenta molas ou fechos nas junções das zonas mais críticas.

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Lucy chamou ao projecto “Advantage Blocks”, uma vez que os modelos que criou podem ser adaptáveis a qualquer peça de roupa, por qualquer pessoa — precisamente como blocos de construção. Na página online é possível descarregar, gratuitamente, modelos de mangas, camisas, calças e casacos com carapuço. O facto de todos eles serem disponibilizados em “open source” faz parte da missão do trabalho de Lucy Jones, que gostaria de ver outras pessoas a pensar sobre o mesmo e a desenvolver outras soluções.

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