Tem 11 anos e vende passwords encriptadas por dois dólares

Mira Modi recorreu ao método Diceware para criar palavras-passe e criou o seu próprio negócio online

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Mira Modi

Mira Modi tem 11 anos e desde o início deste mês tem o seu próprio negócio, o dicewarepasswords.com, onde, em troca de dois dólares (1,8 euros), esta aluna do sexto ano cria uma password segura encriptada, que depois é escrita à mão e enviada numa carta pelo correio, que não pode ser aberta pelo Governo sem um mandado de busca, isto segundo as regras nos Estados Unidos.

Mira Modi vive em Nova Iorque e, nos últimos dias, está em quase todos os sites de notícias de tecnologia devido a um método simples que usa para criar passwords para quem finalmente percebeu que as clássicas 12345 ou abcdf estão longe de trazer segurança aos seus utilizadores.

Modi utiliza um sistema conhecido como Diceware, destinado à criação de palavras-passe. O método usa um dado, com seis lados, que quando lançado gera números aleatórios, entre um e seis, que depois têm correspondência com uma longa lista de palavras em inglês. O dado é lançado cinco vezes e cada vez que pára indica um número que é registado, até ser criado um número com cinco algarismos. Este número é depois procurado na lista Diceware, na qual corresponde a uma palavra. O processo repete-se seis vezes, até se chegar a seis palavras. As palavras são depois arrumadas de forma aleatória e está criada uma password. Difíceis de quebrar por hackers, são, no entanto, facilmente memorizáveis para os utilizadores.

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Exemplo de password

“Todo este conceito de criar a nossa própria password e de ser superseguro, penso que os meus amigos não compreendem isso, mas eu penso que é muito fixe”, comentou Modi numa entrevista ao site Ars Technica.

A jovem começou a criar palavras-passe através deste método a pedido da mãe, Julia Angwin, jornalista, que estava a investigar para um livro. Modi entusiasmou-se com a tarefa e decidiu criar o seu pequeno negócio, quando começou a acompanhar a mãe em eventos relacionados com o seu livro. Nos eventos, a rapariga criava passwords ao vivo e vendia-as.

O negócio arrancou, mas a uma velocidade demasiado lenta para Modi. “Queria tornar a coisa pública, porque eu não estava a gerar muito dinheiro. Pensei que seria divertido ter o meu próprio site”, contou. E foi assim que nasceu o dicewarepasswords.com.

Desde que começou a actividade, à margem dos estudos, Modi diz que já vendeu 30 passwords. Parece pouco, mas afinal o negócio ainda agora arrancou. Para a nova-iorquina, é bom ganhar algum dinheiro, mas a questão da segurança online é algo preocupante, mesmo para uma menina de 11 anos. “Agora temos computadores tão bons, as pessoas conseguem atacar qualquer coisa de forma muito mais rápida”, argumentou. “Publicamos muito mais nas redes sociais – quando as pessoas entram [nas contas] isso não é muito importante, mas quando tentam atacar a nossa conta bancária ou o nosso email é muito importante ter uma password forte”, acrescentou.

O método Diceware foi criado por Arnold Reinold. O site Ars Technica falou com Reinold sobre o que Modi estava a fazer com o seu processo. "Fico agradado ao ouvir isso, e não, eu nunca ouvi falar de nada assim antes", disse.

"Obviamente, a partir de uma perspectiva de segurança, é muito melhor gerar a sua própria senha Diceware em privado, mas é pouco provável que ela esteja a trabalhar para os maus da fita, e qualquer esforço para divulgar a importância de passwords fortes é para o bem", continuou. "Só espero que ela não esteja a enviar as passwords geradas para os seus clientes por email ou a armazená-las no seu computador”, comentou, em tom de conselho.

Modi sabe que as pessoas que procuram os seus serviços estão preocupadas se retém uma cópia das passwords. “Não as guardo em nenhum computador. Pelo que sei, existe apenas uma cópia da password criada”, assegura.

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