Jovens têm acesso a novas culturas através do voluntariado no estrangeiro

Só em 2015, o Serviço Voluntário Europeu já contabilizou 145 voluntários. Matthew Pacheco, Amélia Pinto Basto e Cátia Sousa contam a experiência

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Eric Gaillard/Reuters

Há cada vez mais jovens portugueses a encarar o voluntariado em países estrangeiros como uma nova experiência de trabalho que lhes permite o acesso a outras culturas.

Esta ideia foi partilhada, em declarações à agência Lusa, por Matthew Pacheco, de 19 anos, que partiu para Chengdu, na China, com o apoio da associação estudantil AIESEC, e por Amélia Pinto Basto e Cátia Sousa, ambas de 23 anos, que partiram para a Roménia e Polónia, através do Serviço Voluntário Europeu, que este ano contabilizou 145 voluntários.

Foram vários os factores que levaram Cátia a optar por esta experiência, mas o que completou o "leque de incentivos" foi realmente a oportunidade de poder conhecer outras culturas e viver num país estrangeiro. Já Amélia admite ser "louca por viagens", assumindo que esse foi "o primeiro e mais motivador" elemento que a levou a tomar a decisão de partir para a Roménia.

Segundo os jovens voluntários, a actividade permite grandes benefícios para as comunidades locais, mas também para o próprio voluntário, que, além de explorar novas culturas, consegue adquirir novas capacidades ou aprender novas línguas. "A nível pessoal, sinto-me com uma capacidade enorme de 'public speaking', autonomia e, principalmente, muito mais paciente, sabendo ouvir e observar antes de agir", afirmou Matthew.

Nem tudo é um mar de rosas

A experiência de voluntariado dos três jovens teve incidência na área da educação com crianças e jovens. Matthew ensinou inglês na China, Amélia deu aulas sobre Portugal e fez animação clínica em quatro hospitais da Roménia e Cátia desenvolveu actividades para ocupar os tempos de lazer na Polónia. Mas estes projectos acabaram por levar outros benefícios às crianças e jovens, conta Matthew. Além do ensino do inglês, o jovem conseguiu mostrar às crianças "a grande diversidade cultural mundial" e "o mundo colorido que os rodeia". Não deixou de os convidar a "partilhar as suas ideias", até para lhes provar que "todos os patamares da vida são alcançáveis". "Se estivermos dispostos a lutar por eles".

Quanto às dificuldades encontradas, Matthew explica que "fazer voluntariado no estrangeiro não é tão bonito como parece nas fotos que se partilha no Facebook", apontando também as dificuldades na comunicação em línguas estrangeiras. Para ele, uma das maiores dificuldades foi "a barreira do mandarim", que o fez viver um dos momentos mais "desagradáveis" da vida, quando se viu sozinho e perdido durante cinco horas na chegada a Chengdu. Esse momento poderia ter sido evitado se o seu "nível de mandarim fosse um pouco além do 'ni hao' (como está?) e do 'xièxiè' (obrigado)".

Antes de embarcarem numa experiência no estrangeiro, os três jovens eram voluntários em Portugal, tal como, de acordo com o Conselho Para a Promoção do Voluntariado, mais de meio milhão da população. Cátia contou à Lusa que as diferenças entre as duas experiências são marcantes. "Entre Portugal e a Polónia há diferenças marcantes. Deparei-me com crianças mais frustradas, que não lidavam bem com pessoas de países diferentes. Por outro lado, houve crianças que nos tratavam como se viéssemos de outro mundo", contou.

Muitos voluntários partem para países que nunca visitaram. Amélia afirmou que da Roménia "não conhecia nada antes de ir, sem ser a história do Drácula, da qual, lá, aparentemente, ninguém gosta". Mas, com o passar do tempo, Amélia aprendeu "a gostar, a adorar, a amar" a Roménia. "Para a China levei simplesmente uma mente aberta, boa disposição e 20 quilos de bagagem, mas trago algo muito mais especial: memórias para a vida", afirmou Matthew, que recordou com "grande carinho" os mais de 200 alunos que o marcaram e a felicidade que foi perceber que todos gostam do "famoso 'Dan Ta', conhecido em Portugal como pastel de nata, introduzido na China por Macau".

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