"Há erros que duram para a vida" — se estás grávida, não bebas

Estudo revelou que uma em cada cinco mulheres grávidas consome bebidas alcoólicas. Tiago Silva e Hugo Suíssas venceram concurso sobre este tema e vão assinar campanha de sensibilização com anúncios na imprensa e "outdoors"

Campanha vai aparecer na imprensa e em outdoors Tiago Silva e Hugo Suíssas
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Campanha vai aparecer na imprensa e em outdoors Tiago Silva e Hugo Suíssas
Tiago Silva e Hugo Suíssas
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Tiago Silva e Hugo Suíssas

Se uma futura mãe não se enganaria em algo tão simples como escrever o nome do filho, porque haveria de cometer o erro básico de ingerir bebidas alcoólicas durante a gravidez? A pergunta de Tiago Silva e Hugo Suíssas surgiu depois de conhecerem o estudo "O consumo de álcool na gravidez", desenvolvido pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), que concluiu que uma em cada cinco grávidas consomem álcool mesmo depois de terem conhecimento da gravidez. A dupla partiu deste "dado preocupante" e desenhou uma campanha que saiu vencedora de um concurso de criatividade criado pelo próprio SICAD em parceria com o Clube de Criativos de Portugal. Nos próximos meses, os anúncios deles vão andar na imprensa e em "outdoors".

Quase um quinto (19%) de 1104 mulheres grávidas inquiridas nos concelhos de Oeiras e Lisboa admitiram ter continuado a consumir depois de saberem que estavam grávidas. É um "consumo essencialmente esporádico", já que apenas 1% beberam até ficarem "alegres" ou fizeram consumos "binge" (consumo ocasional excessivo). Razão para desligar o alarme? Não, respondem os autores no estudo, defendendo a urgência de divulgar "mensagens claras e concretas" em relação a este assunto: "Não é seguro beber qualquer copo na gravidez.”

“Verifica-se um certo consenso em torno da ideia de que o consumo de bebidas alcoólicas na gravidez tem efeitos negativos no bebé, mas uma ambiguidade quanto ao tipo de consumo que é nocivo”, refere o sumário executivo do estudo, que demonstra ainda que entre as mulheres que consumiam álcool antes da gravidez, 74% deixaram de o fazer durante o planeamento da gravidez ou já depois de saberem estar grávidas. Das 26% que mantiveram o consumo de bebidas alcoólicas, metade (13%) reduziu esse consumo.

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Tiago Silva e Hugo Suíssas

Quando decidiram encarar o desafio lançado pelo SICAD a criativos com menos de 28 anos, Tiago Silva e Hugo Suíssas pouco sabiam sobre a matéria. Em modo "esponja" conversaram com amigos e conhecidos sobre o tema e perceberam que, tal como eles, muitos tinham a ideia de que beber com moderação não é prejudicial ao feto. "Sabíamos que podia ter consequências se fosse consumido em excesso, mas não sabíamos que não se devia beber de todo", admitiu Tiago numa conversa telefónica com o P3.

Com essa nova informação em mente, a dupla há muito afinada — foram colegas de trabalho no primeiro emprego e continuam a sê-lo na agência Excentric Grey — partiu para o desafio. Numa mensagem "simples e directa" e com o conceito "less is more", os jovens centraram-se na metáfora de que "há coisas que ficam para a vida", representada através de um pequeno erro na escrita do nome dos bebés (Rodirgo em vez de Rodrigo e Beartiz no lugar de Beatriz). A troca, dizem, pode também significar as más formações que o feto pode desenvolver, como a Síndrome Alcoólica Fetal. O slogan resume: "Há erros que duram para a vida. Não beba durante a gravidez."

O "copywriter" Tiago, 21 anos, e o designer Hugo, 26, optaram por um trabalho essencialmente manual. "Andamos numa loja de artigos personalizados para bebé em busca das babetes e dos das fraldas perfeitas. Queríamos que fossem o mais realista possível." Difícil foi mesmo "convencer a costureira a escrever os nomes com erros", sorri Tiago. Além de verem a campanha publicada, os dois criativos ganham um prémio pecuniário de 1000 euros. 

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