Nós é uma ponte bilingue entre os teatros português e galego

“Bilingue” abre o programa Nós - território (es)cénico Portugal/Galicia, protocolo cultural entre várias instituições de ensino e teatros de Porto, Lisboa, Vigo e Santiago de Compostela. Depois do Dona Maria II, a peça vai para o Carlos Alberto

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Filipe Ferreira

Para já são dois anos, depois logo se verá: até 2016, o Nós quer ser uma plataforma de cooperação entre Portugal e Galiza através do teatro, juntando estudantes e profissionais na área. O projecto é fruto da parceria entre os teatros Dona Maria II (TNDM) e São João (TNSJ) e Centro Dramático Galego com Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC), Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE) e Escola Superior de Arte Dramática da Galiza.

O objectivo maior deste intercâmbio cultural entre os dois lados da fronteira é ajudar a formar profissionais do teatro, dando a alunos finalistas de diferentes especializações uma experiência inaugural em palcos a sério e promovendo a sua circulação. O primeiro exemplo prático disso mesmo sobe ao palco do TNDM (Sala Estúdio), em Lisboa, na quarta, dia 3, às 19h15.

“Bilingue”, com texto de José Maria Vieira Mendes e encenação de Pedro Penim do Teatro Praga (este último formado na ESTC), os únicos elementos profissionais da equipa, conta com quatro alunos da ESMAE na sua ficha técnica, distribuídos entre interpretação, direcção de cena e desenho de luz. “Agora já ninguém quer ser artista e nós não sabemos se somos anti-arte ou anti-anti-arte, até porque a anti-arte já morreu e contra os mortos não há nada a fazer”, pode ler-se na sinopse oficial, profundamente irónica (ou será pós-irónica?).

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“Um estágio formativo”. É assim que Pedro Soares, professor de teatro na ESMAE e representante do IPP no Nós, descreve o projecto ao P3. “A ideia é acrescentar valor à formação destes estudantes com experiência directa em palco”, ainda para mais em geografias diferentes. As vantagens são fáceis de perceber. “Há uma descoberta das duas partes, os teatros ficam a conhecer os estudantes e os estudantes ficam a conhecer o mercado de trabalho”, explica.

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No fundo, o objectivo é criar uma ponte entre Portugal e Galiza e, simultaneamente, um viaduto entre teatros e estudantes da área. “É uma aproximação mútua em contexto de formação pedagógica” que faz com que, através de um objecto artístico e performativo construído em conjunto, “os teatros profissionais, e o próprio público, saibam o que estas escolas andam a fazer”. Em jeito de balanço antecipado, Pedro Soares comenta que a nova rede artística de criação e produção teatral “é já um sucesso”, embora “haja sempre arestas a limar”.

“Bilingue”, que parte da pergunta “Onde nos encontramos?”, fica em Lisboa até 7 de Junho, domingo, antes de subir ao Porto, onde integra a programação do FITEI, entre 10 e 14 e de, por fim, ser apresentada em Santiago de Compostela, até ao próximo dia 21.

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