Faltam quatro meses para Mundial 2015

O que é que se pode esperar da fase de grupos da competição que terá o seu pontapé de saída em Twickenham, a 18 de Setembro?

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Quando Inglaterra e Fiji disputarem o primeiro jogo do Mundial 2015, no próximo dia 18 de Setembro, quatro anos passam desde o último Campeonato do Mundo. Mudaram jogadores, treinadores, tácticas e técnicas, mas a emoção de poder estar presente numa fase final da principal competição de selecções é sempre incomparável. Não há vencedores nem vencidos à partida, mas há uma análise que se pode fazer da evolução e das tendências de jogo que as principais selecções têm adoptado, principalmente depois de um Torneio das Seis Nações, onde a Irlanda alcançou o bis.

 

No Grupo A estarão Austrália, Inglaterra, País de Gales, Fiji e Uruguai. A Austrália tem um novo treinador desde Outubro de 2014: Michael Cheika, o responsável pela primeira Heineken Cup do Leinster, em 2009, e líder dos Waratahs na sua primeira vitória no Super rugby na época transacta. Será sem dúvida uma selecção mais aguerrida e menos apática daquela que se viu, por exemplo, nos jogos da janela de Inverno de 2014.

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A Inglaterra e Stuart Lancaster demonstraram no último Torneio das Seis Nações que são uma equipa que tem opções para as várias posições. Apresentam uma linha atrasada das mais dinâmicas e entusiasmantes dos últimos tempos, com poder de fogo ofensivo, mas caindo na apatia defensiva em certos momentos, como nos jogos frente à Escócia e França. George Ford parece-me uma opção mais interessante que Owen Farrell e um pouco mais de disciplina na primeira-linha não seria despiciendo. Em 2011, Inglaterra ficou-se pelos quartos-de-final, tendo perdido frente à França, por 12-19, mas este ano poderá ir mais longe.

 

O País de Gales é uma equipa sempre a considerar, com uma defesa agressiva e coesa e boa capacidade pontapeadora (Biggar e Halfpenny), mas falta-lhe banco em algumas posições, nomeadamente no pack avançado. O seu ataque tem sido muito previsível, necessitando de melhorar a plataforma dos alinhamentos para se formarem os subsequentes mauls e criar assim uma força atacante diferente. Seria necessário também, pensarem em variar mais os canais de jogo e atacar melhor os rucks, para se considerarem como uma opção para passarem a fase de grupos.

 

No Grupo B enfrentar-se-ão África do Sul, Samoa, Japão, Escócia e Estados Unidos. Escócia e Samoa deverão ser as ameaças principais para os Springboks, mas este grupo trará jogos interessantes com as selecções nipónica e norte-americana cada vez mais competitivas. A Escócia de Vern Cotter tem apresentado mais alegria no seu jogo, onde se vê os três-quartos mais activos e disruptores. O problema poderá estar em Greig Laidlaw, um formação que gosta de atrasar a bola e não é o elemento ideal para alimentar as suas linhas atrasadas. Talvez Hidalgo-Clyne possa ser uma boa opção. Jonny Gray tem sido um segunda-linha imperioso, responsável por alinhamentos impecáveis e já merecia ser capitão da equipa. Têm aparecido novos jogadores, o que é sempre bom de ver numa selecção. O que falta à Escócia? Paixão não é com certeza, mas acima de tudo falta corrigirem pequenos erros de manuseamento de bola e más opções, além de terem de defender melhor os mauls e drives (como se viu frente à Itália). Mas se souberem alinhar agulhas e ampliar o banco, poderá ser uma surpresa.

 

No Grupo C estarão Nova Zelândia, Argentina, Tonga, Geórgia e Namíbia. Aqui, os All Blacks e os Pumas não terão dificuldades de maior a não ser uma ligeira “irritação” que Tonga possa causar.

 

No Grupo D vão estar França, Irlanda, Itália, Canadá e Roménia. Se dá gosto ver a França jogar? Sinceramente, a mim não, mas é um facto que em 2011 conseguiram um segundo lugar, este ano um quarto lugar no Seis Nações, um segundo lugar no Seis Nações Sub-20 e um segundo lugar no Seis Nações feminino. Falta um certo brio na maneira de jogar da França e um médio de abertura que realmente bom. E falta mais qualquer coisa…

 

A Irlanda de Joe Schmidt é uma equipa de processos, extremamente pragmática e com as lições bem estudadas. Tem um novo par de centros desde Novembro, mas a excelência é tal, que nem se nota a falta de Brian O’Driscoll.

 

É um jogo clínico, aquele apresentado pelos irlandeses e talvez a dependência tão elevada de pontapés altos e não tanto de offloads, se venha a revelar curto contra equipas do Hemisfério Sul que como se sabe jogam um tipo de jogo mais dinâmico e menos cínico. As fases estáticas são do melhor que há, mas pode não chegar…

 

A Itália é basicamente uma selecção de avançados. Falta-lhes linhas-atrasadas, mas é uma selecção que consegue em momentos de paixão fazer alguma mossa.

 

Este Mundial trará consigo algumas tendências, como mais pontapés altos, menos drop goals, mais penalidades, situações de jogo que se tem observado nos últimos tempos e que sinceramente têm tornado o râguebi mais clínico e menos entusiasmante, pelo menos nas selecções do Hemisfério Norte que, se querem bater-se com as do Sul, vão ter de apresentar algo mais e acima de tudo um plantel versátil e com banco.

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