Quando as ruas de Viseu são uma galeria de arte urbana

Quatro "street artists", uma ilustradora, um autor de BD e um pintor clássico no Festival de Arte Urbana de Viseu

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AKACorleone Rui da Cruz

O mundo colorido e transcendental de Akacorleone, as musas vínicas de Mesk, o “spinário” de Fidel Évora, e a mulher bem disposta, que come uvas com caras de homens, de Mariana, a Miserável, já habitam as paredes de edifícios de Viseu. Sete artistas, quatro da “street art”, uma ilustradora, um autor de BD e um pintor clássico estão a usar a cidade como a sua galeria de arte urbana. E bem.

Draw, Fidel Évora, Akacorleone, Marco Mendes, Mariana a Miserável, Martinho Costa e Mesk foram convocados para “embelezarem” paredes e fachadas de edifícios. O vinho e a Primavera são os temas destes trabalhos no espaço público, que integram o primeiro Festival de Street Art organizado pela Câmara Municipal de Viseu. Até domingo, as paredes são um “work in progress” e há conversas com os artistas.

Na parede com 18 metros, Fidel Évora preenche com rolo e pincel o seu “rapaz a tirar o espinho do pé”. À volta desta gigante figura humana há elementos “simples” relativos à Primavera, como o romboedro, um poliedro de seis faces. “Estou a usar estas imagens porque vejo Viseu como uma cidade ligada à arte clássica”, explica o jovem de Cabo Verde, que pertence ao colectivo “Antagonist Movement”, de Nova Iorque. Bem no coração do centro histórico, Mariana, a Miserável ilustra uma parede com as suas imagens divertidas. “É um desenho que espero que faça as pessoas sorrirem. As uvas são cabeças de homens que estão a ser comidos por uma grande boca de uma mulher”, conta a ilustradora de Leiria.

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Mesk Rui da Cruz

É entre o Rossio e o Largo Santa Cristina que Martinho Costa deixa em vasos, muros e caixas da PT e da EDP as suas pequenas telas pintadas a óleo, porque não gosta de “impor uma imagem a pessoas que não querem ver”. O pintor, que prefere usar as técnicas “old school”, quer que seja o público a descobrir o que as suas telas escondem, mesmo que os desenhos sejam “citações” de imagens já inventadas. Ao longo da Rua Formosa, há fragmentos da pintura de Grão Vasco, imagens do filme “O Joelho de Claire”, de Eric Rohmer, e a lenda de Zeuxis e Parrássio.

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Mariana, A Miserável Rui da Cruz

Em gruas e andaimes

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Fidel Rui da Cruz

Akacorleone também foi convocado para este primeiro Festival de Street Art. O jovem Pedro Campiche foi o primeiro a chegar à cidade e a obra, terminada, evoca a “experiência de beber um excelente copo de vinho”. Foram mais de 30 horas em cima de gruas e andaimes com Kruella d’Enfer, para deixar a sua marca numa parede com mais de 20 metros de altura e 15 de largura.

O festival iniciou-se esta quarta-feira, dia 20 de Maio, e prolonga-se até domingo. Nos próximos dias, podem-se encontrar estes artistas (e outros, que ainda vão chegar) em laboração nas ruas da cidade, como o trabalho proposto por Marco Mendes que, em banda desenhada, vai retratar a “boémia” de Viseu, e Frederico Draw, que comparece com os seus rostos humanos gigantes.

Para veres este roteiro é só andar pelo bairro municipal da Balsa, gaveto da Rua Augusto Hilário, parque de estacionamento na Rua do Capitão Silva Pereira, Largo de S. Teotónio, Largo Pintor Gata, Rua Formosa e passar pela Central de Transportes. 

A Câmara Municipal de Viseu promove, pela primeira vez, um evento que convoca a arte de rua. “Este é um festival de bom gosto, com o envolvimento de bons artistas e espero que as pessoas se revejam nos trabalhos que estão a ser feitos nas diferentes paredes da cidade. O que está a ser feito tem o apoio da globalidade da população”, salienta o presidente da autarquia.

Almeida Henriques quer uma cidade “inovadora e moderna”. “É o primeiro festival que se faz do género, com nomes de primeira linha, com esta abrangência e sobre uma temática que muito nos importa promover”, acrescenta. O autarca não exclui a possibilidade de serem criados roteiros turísticos destinados a dar a conhecer as obras agora em execução ou outras que venham a surgir. “Viseu quer estar sintonizada com o que de melhor se faz por esse mundo fora”, ressalva.

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