Tiled, uma marca para preservar o património azulejar português

Tiled lançou agora a segunda colecção de roupa feminina e já pensa em integrar os homens na próxima criação e alargar a produção a outras áreas que não a roupa. Ajudar a preservar o património azulejar português é objectivo sempre presente

Peça da segunda colecção Herberto Smith
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Peça da segunda colecção Herberto Smith
Herberto Smith
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Herberto Smith

"Despir os prédios e vestir as pessoas." A ideia de homenagear o património azulejar português, presente em edifícios um pouco por todo o país, foi o ponto de partida de Ana Ventura, a designer gráfica apaixonada pela tradição nacional dos azulejos, que teve a ideia de criar uma marca que fosse simultaneamente uma ajuda na preservação desse património histórico. Com Cristina Barradas e Catarina Furtado completou-se o trio que fez nascer Tiled - Heritage You Can Wear, marca que acaba de lançar a segunda colecção de roupa feminina e deve, em breve, alargar a produção aos homens e a outro tipo de criações.

As três amigas têm em constante actualização uma "base de dados" de azulejos, de finais do séculos XIX e do século XX. Recolhem ideias em passeios feitos por Lisboa, onde vivem, e outras cidades do país e têm nas fotografias que tiram o ponto de partida para a criação da roupa da Tiled. "O padrão apresentado não é uma fotografia do azulejo, é o resultado do tratamento digital que lhe damos posteriormente", explica ao P3 Catarina Furtado, engenheira ambiental.

Depois da primeira colecção, lançada no início do ano, as três amigas falaram ao P3 sobre a segunda, fotografada na cidade do Porto no início do mês de Março e inspirada num padrão avistado pela primeira vez na Rua do Bonfim: são mais três padrões, mais variedade de peças (há saias, vestidos, tops mais cavados e com capuz, etc.) e mais quantidade produzida (à volta de mil peças). 

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Na Tiled, a roupa não é pensada em função das estações do ano Herberto Smith

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Equipa da Tiled Herberto Smith

As principais matérias-primas desta segunda colecção são, tal como na primeira, o tencel e uma fibra artificial (semelhante a seda) e a roupa continua a não ser pensada em função das estações do ano: “Não pensamos em Inverno ou Verão. O que nos preocupa é, sobretudo, mostrar o padrão, o azulejo”, explicou Cristina Barradas, designer de moda. A produção das peças — que podem ser adquiridas online e em algumas lojas fisícas e cujos preços variam entre os 40 e os 120 euros — é totalmente feita em Portugal, em Barcelos e no Porto, conta Catarina Furtado: “Fizemos questão que fosse cá, para manter a qualidade apesar dos preços mais elevados.” 

À medida que Ana Ventura, Cristina Barradas e Catarina Furtado foram mergulhando no universo dos azulejos, foram percebendo com ainda mais clareza a “necessidade de salvaguardar este património” frequentemente furtado de fachadas e vendido posteriormente em feiras ou antiquários.

Foi para contribuir para a preservação que a Tiled fechou uma parceria com o PISAL - Programa de Investigação e Salvaguarda do Azulejo de Lisboa e está em vias de fazer o mesmo com o Banco de Materiais do Porto. Em cada peça de roupa, há uma etiqueta com a imagem do azulejo inspirador e um enquadramento histórico desse património. “É uma forma de ajudar na salvaguarda e divulgação desse mesmo azulejo e desse património.”

Até ao final do ano, as três amigas vão não só pensar numa terceira colecção, que deverá ter novos materiais e algumas peças mais quentes, mas também na criação de uma colecção masculina e em aplicar o padrão azulejar noutro tipo de suportes. 

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