João Miguel Tavares: a voz que destoa

A verdade é esta: se JMT fosse um jogador de futebol, nunca sairia do banco. Fossem as disputas intelectuais traduzidas em combate, JMT soçobraria no primeiro “round”

Foto
P3

João Miguel Tavares (JMT) é um jornalista com grande presença mediática. Actualmente, aparece através das suas crónicas regulares no jornal "Público" e da sua participação no programa, de rádio ("TSF") e da televisão ("TVI24"), "Governo Sombra" (GS).

Nestes dois espaços, JMT destoa.

No jornal Público, porque a seriedade e substância intelectual da maior parte das crónicas aí publicadas estão vários patamares acima das que JMT produz. É que são sistemáticas as crónicas em que este junta a debilidade argumentativa e o viés ideológico a ataques levianos a pessoas e instituições. Duas crónicas são paradigmáticas: numa, exibe a sua ignorância sobre filosofia da ciência ou metodologia das ciências sociais, achando que existe tal coisa como ciência pura; noutra, menoriza infantilmente os doutorados (será por inveja?). E deve achar que, com esse tipo de linguagem e estratégia argumentativa, está a ser disruptivo, eficaz e moderno. Na realidade, apenas produz resíduo tóxico.

No GS, programa de crítica política humorística, moderado por Carlos Vaz Marques (CVM), JMT tem Ricardo Araújo Pereira (RAP) e Pedro Mexia (PM) como colegas de comentário. Aí, é confrangedor assistir às suas elucubrações, comparando com as dos demais. As suas têm pouquíssima capacidade humorística, estão povoadas de sistemáticos pontapés na gramática e, acima de tudo, exibem uma paupérrima capacidade argumentativa.

Sei bem que é muito fácil sair mal na comparação com RAP (a quem já fiz o meu elogio). Mas PM e CVM não destoam. JMT, sim.

Neste programa, JMT acaba, inevitavelmente, como o intelectual “wannabe” a quem um qualquer capitão Nascimento (de uma qualquer "Tropa de Elite") já devia ter dito: nunca serás! Sou sincero. A pobre capacidade argumentativa e intelectual de JMT só são relevantes dado o tempo, e tipo, de antena de que este goza. Quer o GS, quer o "Público" são palcos credíveis. JMT, não.

Mas esta, notoriamente, não é opinião unânime. Por exemplo, o arq. Saraiva (o encantador director do Jornal "SOL"), numa entrevista à "RTP", destacou JMT como sendo o único cronista político da actualidade com valor, o único que pensa “fora da caixa” e o único que se aproxima da sua (inultrapassável) perspicácia. Elogio capcioso (e revelador), este…

A verdade é esta: se JMT fosse um jogador de futebol, nunca sairia do banco. Fossem as disputas intelectuais traduzidas em combate, JMT soçobraria no primeiro “round”.

No mundo da opinião, infelizmente, não há essa transparência e os javardos prosperam, ora porque são a voz do dono, ora porque têm muita audiência. E isso é, sempre, deprimente. É que significa que só ouvimos o que o dono quer ou que há muita comunhão com a pequenez das ideias.

Sugerir correcção
Comentar