A WeCareOn é uma plataforma online que disponibiliza consultas com psicólogos e "coaches". Tratando-se de um site inédito em Portugal, este projecto foi uma das "startups" finalistas do maior programa de empreendedorismo nacional, o InovPortugal.
Fazer com que um psicólogo ou um "coach" esteja a apenas um clique de distância do seu paciente acaba por ser o principal mote deste site, onde os clientes podem comparecer facilmente às suas consultas via videoconferência ou e-mail, como desejarem. E tudo isto acontece na comodidade e privacidade da tua casa. A WeCareOn acaba por fazer a ponte entre os profissionais que fornecem os serviços de psicologia e "coaching" e as pessoas que procuram fazer consultas ou sessões.
É via online que tudo se processa: a consulta/sessão é marcada, realizada e paga pela Internet. Uma das vantagens que a plataforma oferece é a acessibilidade. O cliente escolhe o seu profissional, marca a primeira consulta de forma gratuita e depois o processo continua por si só. Tens ainda a possibilidade de escolher o profissional pelas tuas possibilidades económicas. Os pacientes podem aceder a qualquer altura do dia e a qualquer hora à plataforma e tentarem entrar em contacto com os profissionais, sendo que o mesmo acontece de igual modo na via oposta.
As vantagens do projecto acabam por saltar à vista dos utilizadores. Primeiramente, as consultas fornecidas pelo site acabam por ser mais económicas do que as tradicionais consultas presenciais. Evita ainda deslocações e marcações com mais demora. Oferece também ao paciente um contacto com o seu psicológico ou "coach" menos espaçado. Afinal, este encontra-se à distância de um e-mail ou de uma videochamada. As consultas oferecem ainda os mesmos critérios que as consultas presenciais, entre os quais a confidencialidade e a privacidade do paciente.
Democratizar o aconselhamento
Ana Paula Ribeiro, de 38 anos, foi a fundadora da WeCareOn, no ano de 2013. Foi quando se encontrava sem nenhum projecto em andamento na sua vida que decidiu enveredar pelos caminhos do empreendedorismo e apostar nesta plataforma inovadora em Portugal.
A ideia do site surgiu quando Paula sentiu a necessidade de resolver um problema específico da sua mãe que, por viver no centro do país, não tinha “acesso a serviços de psicologia de uma forma fácil, rápida e de forma económica”. Esta decidiu apostar na criação da plataforma, não só da área da psicologia mas também na área do "coaching", um serviço mais recente e mais popular nos últimos anos.
A actual "coach" avançou então com a sua "startup" por acreditar que todos possuem as capacidades necessárias para realizar sonhos e atingir as suas metas de vida, aliando tal crença com o desejo de ajudar quem necessitava de um serviço mais rápido. O objectivo da plataforma acabava então por ser simples de sumarizar: “Oferecer ferramentas mais rápidas e eficazes para a pessoa cuidar do seu bem-estar e do seu desenvolvimento como pessoa. Ferramentas para nos conhecermos e atingirmos os nossos objectivos e aquilo em que acreditamos.”
O desenvolvimento do projecto passou por diversas etapas. Em primeiro lugar, Paula começou por procurar “uma solução tecnológica que não implicasse custos”. Iniciou então o site numa plataforma simples que a própria controlava, começando assim a testar o mesmo. O próximo passo centrou-se em “perceber se realmente existiriam clientes” para o serviço que oferecia, procurando em seguida “profissionais que quisessem participar no projecto”, aliciando-os com o facto de terem mais clientes e poderem ajudar mais pessoas. Quando encontrou os profissionais iniciou a divulgação do projecto e começou a transformação do que o site é nos dias de hoje.
“Até agora ainda não tive 'feedback' negativo.” É esta a resposta que a fundadora nos dá quando questionada sobre o retorno do projecto. O único problema que por vezes encontram é com os clientes que não estão habituados ao online. Perante tal, Paula preocupa-se em explicar que “existem estudos internacionais que comprovam que o online funciona da mesma forma que as consultas presenciais” e que “em alguns casos os resultados até são mais rápidos porque as pessoas estão em casa, na sua zona de conforto, e consegue explicar mais rápido o que se passa”.
Quando questionada sobre quais as principais diferenças entre psicologia e "coaching", Paula afirma que um psicólogo é “alguém que aconselha” enquanto um "coach" é “alguém que procura antes ajudar a pessoa a passar do ponto A para o ponto B”, focando-se em ajudar as pessoas a “encontrar as suas próprias respostas e os seus próprios meios” para atingir os seus objectivos. “Tem a ver com o tipo de metodologia e ferramenta que a pessoa procura.” Na maioria das vezes é a pessoa que escolhe. Contudo, pode pedir a opinião dos profissionais, explicando o seu problema e sendo remetida então para o mais indicado.
Passado mais de um ano do começo do projecto, a antiga profissional de consultoria explica de forma prática o objectivo da plataforma: “A nossa missão é desmitificar e democratizar estes serviços para todas as pessoas”. Os objectivos a longo prazo passam por converter o site para outras línguas e encontrar profissionais internacionais, atingindo assim comunidades de outros países e expandindo o negócio.
Entender a pessoa e os seus objetivos
Além de ser a fundadora do projecto, Ana Paula Ribeiro trabalha de igual modo como "coach" na WeCareOn. Para a mesma, a maioria das pessoas que procuram o "coaching" é por “questões de carreira”. Neste âmbito, muitas pessoas desempregadas procuram estes serviços ou “pessoas que estão a trabalhar, mas que já não se identificam com o que fazem”. Existem também pessoas que procuram o "coaching" para “resolver problemas em casais ou pessoais” e melhorar a sua postura em relação a certos medos.
As ferramentas que um "coach" aplica são “adequadas aos objectivos que cada cliente tem” e o principal objectivo do "coaching" é “procurar perceber onde é que a pessoa está hoje e onde quer chegar futuramente”. Um "coach" tem de igual modo ajudar a pessoa, aplicando questões, a focarem-se na sua vertente positiva, deixando o pessimismo de parte.
Online para combater estigmas sociais
Vera Silva Santos, membro do projecto WeCareOn como psicóloga com formação complementar na área da sexologia, conheceu o site poucos meses depois da sua criação, não o integrando inicialmente por falta de tempo. Volvidos alguns meses integrou o projecto, visto já fazer consultas de psicologia online há vários anos. Fez então sentido para a profissional “deixar de o fazer de forma individual" e juntar-se a este projecto. Para a psicóloga, a credibilidade da plataforma é imensa: “Este é um projecto no qual acredito, quer pela noção das suas vantagens, quer pela minha experiência nas consultas online.”
“Tendo em conta que a grande maioria das consultas online é realizada através de videoconferência, não existem grandes diferenças entre estas e as consultas presenciais.” É assim que Vera responde quando questionada sobre as principais diferenças entre as consultas online e presenciais. Relativamente às vantagens de as consultas serem realizadas via online, a sexóloga afirma que existe a vantagem do acesso a partir de casa e que é uma forma de combater o “isolamento geográfico” e a “preocupação com estigmas sociais”. Mas os benefícios não se ficam por aqui. Para Vera as consultas online são ainda uma “alternativa para pacientes tímidos, introvertidos ou que sofram uma fobia social”, “facilita os pacientes portadores de doenças que impossibilitem a deslocação ao consultório” e permite acesso às consultas por parte dos “portugueses que estão a trabalhar/estudar fora de Portugal”.
A psicóloga integrante do projeto actua nas mais diversas áreas, entre as quais conflitos conjugais, dependência de substâncias e ainda dificuldades no relacionamento sexual. Para a mesma o “psicólogo online utiliza diferentes canais de comunicação com os seus pacientes, nomeadamente o e-mail, o "chat", as consultas por telefone/telemóvel e as consultas por videoconferência.” Contudo, não existem ferramentas especificas a utilizar. Para cada caso especifico utilizam-se “diversas técnicas e abordagens psicoterapêuticas”.
