Inês foi a Hong Kong e trouxe um negócio da China: o “selfie stick”

Com 23 anos, Inês Amaral é a cara por detrás da Selfie Stick Portugal, marca que vende o popular "gadget" por cá. Será que a moda vai pegar em Portugal?

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João Silva

No ano passado, Inês Amaral chegou a Hong Kong para um semestre de intercâmbio universitário e viu-os por todo o lado. No meio da rua, em qualquer esquina, em lojas e cafés, nos locais mais ou menos turísticos — toda a gente empunhava uma vara com um telemóvel na ponta, ideal para tirar "selfies". O chamado "selfie stick", ou "pau de 'selfie'" no Brasil, fazia "parte do dia-a-dia". Se, a princípio, os estranhou, depressa cedeu. "Acabou por ser uma das primeiras coisas que comprei na China."

A dada altura, já era ela quem posava com as amigas. Depois de a mãe a visitar no outro lado do mundo e lhe dar alento ao projecto empreendedor, decidiu-se: iria trazer o "selfie stick" para Portugal. Até porque está a terminar o mestrado em gestão na Universidade Católica com "major" em marketing e tem de "pensar no futuro". Aos 23 anos, com a ajuda da mãe, lançou-se a criar a sua empresa ("Sempre quis ter o meu próprio negócio") e, em Dezembro de 2014, nascia então a marca Selfie Stick Portugal, parte da Tonicbalance Lda., que vende os famosos cabos em Portugal, importando-os da China.

Mas, afinal, o que é que o "selfie stick" tem de tão especial, neste mundo em que meio mundo anda com um "smartphone" no bolso e é viciado em "selfies"? Inês enuncia: "Dá mais independência e segurança, pois não temos de passar o telefone a um estranho; Garante mais qualidade na fotografia porque como [a imagem] é captada mais longe, a resolução é maior; Dá maior diversidade ao cenário, pois permite apanhar todo o ambiente." E, sublinha a jovem, o "mais importante": "Podem estar todos na fotografia." Indo mais longe, com o "selfie stick" a "selfie" deixa de parecer uma "selfie", ficando "mais profissional". Confuso? Nem por isso. "O 'selfie stick' pode revolucionar porque torna a 'selfie' numa fotografia normal, até porque o cabo nem tem de aparecer. É como se pedisses a outra pessoa para tirar a fotografia."

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O 'selfie stick' é um produto que tem um ciclo de vida muito curto. Não é um negócio para a vida, diz Inês João Silva

Portugal: uma questão de tempo?

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Stand no Colombo DR

É verdade que os "selfie sticks" são hoje objectos polarizadores — tanto os vemos na mão de Barack Obama, no vídeo viral do Buzzfeed em que promove o novo programa de saúde do governo, como os sabemos probidos em museus em Nova Iorque, e não só. Por cá, estes polémicos bastões ainda não são tão comuns como noutros países, quiçá mais turísticos, onde o difícil será esquivar-nos do raio de alcance da câmara. Ainda, dissemos nós, porque pode ser uma questão de tempo — já há "selfie sticks" à venda na Primark, onde encontrá-los pode ser uma missão impossível (no Colombo estão esgotadíssimos), e em lojas especializadas em tecnologia, geralmente com uma outra escala de preços.

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Inês Amaral tem 23 anos, vive em Lisboa e está a concluir o mestrado em gestão na Universidade Católica João Silva

No caso da Selfie Stick Portugal, há vários modelos à venda, de comprimentos variados (o mais simples mede 22 cm fechado, mas chega aos 1,30 metros) e diferentes características. Os preços, como se pode verificar no site, variam entre os 15 e os 25 euros. O "preferido" dos consumidores, diz Inês, é o que custa 20 euros, que estabelece a ligação com o "smartphone" através de um cabo que se conecta à entrada áudio do "smartphone", dispensando uma conexão Bluetooth.

Inês apostou em pontos de venda físicos, para além da venda online, que, comparativamente, tem sido mais residual (cerca de 15 a 20 "selfie sticks" vendidos por semana). No primeiro quiosque, no Centro Comercial Amoreiras, vendeu até ao final de Janeiro 2800 "selfie sticks"; agora, no Colombo, um "shopping" muito frequentado pelos jovens, a experiência tem "corrido ainda melhor", esperando-se que esse número seja "ultrapassado em muito". Em Abril, a Selfie Stick Portugal ruma a Matosinhos para o Norteshopping e, no Verão, pode chegar ao AlgarveShopping. A margem de lucro ronda os cinco euros por unidade. "Os 'selfie sticks' são muito baratos, mas quando chegam a Portugal têm tantas taxas que chegam a custar seis vezes mais do que o preço a que compramos." É fazer as contas, ainda assim.

"Tem corrido bem", confessa a jovem empreendora, que admite sentir-se "um bocadinho orgulhosa". Continua a usar o seu "selfie stick", como turista, de férias, mas também em Lisboa, quando sai à noite com os amigos, até para que as pessoas reparem naquele estranho objecto e o achem "normal". Perguntam-lhe onde o arranjou e Inês lá explica. "Sinto-me realizada", diz, mas mantém os pés bem assentes na terra. "O 'selfie stick' é um produto que tem um ciclo de vida muito curto. Não é um negócio para a vida." Sabe que não vai ser para sempre — "Há-de passar a moda".

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