Nada acontece por acaso. Nada.

Os retrocessos civilizacionais não acontecem por acaso e nós não andamos por esta Terra assim há tanto tempo para nos acharmos no direito de um lugar ao sol

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Ana Maia

Nada acontece por acaso. Nada. Não se morre em Francês por acaso e não te fecham as fronteiras por acaso. Não perdes o emprego por acaso e não passas fome por acaso. Não se fazem guerras por acaso e não se aumenta o preço da gasolina por acaso.

Os retrocessos civilizacionais não acontecem por acaso e nós não andamos por esta terra assim há tanto tempo para nos acharmos no direito de um lugar ao sol. Porque nada acontece por acaso e há quem pense em como dois ponto cinco milhões de anos de evolução e tecnologia não chegam para alimentar todas as bocas do mundo. Nada acontece por acaso.

Não ouves música por acaso e não fazes amor por acaso. Não corres por acaso e não te casas por acaso, não tens filhos por acaso e não cultivas as rugas ao acaso, não nasces por acaso e não morres por acaso, para cada acção uma reacção, por cada beijo um abraço, por cada empurrão uma chapada, e por cada arma a mesma certeza de uma mão cheia de balas a fazer as vezes da tua mão, do teu braço e do teu regaço, os quais não sei mais onde moram.

Saberás tu dizê-lo? Porque se para tudo há um porquê e uma razão de ser, custa-me perceber essa ignorância e esses medos cujas dimensões ganham recrudescimento nesta Europa que nos viu pela primeira vez e que nos há-de comer por fim.

Custa-me perceber a incompreensão, mas percebo facilmente a falta de educação e os esforços milionários no sentido da mesma, porque quem não sabe, não pensa, e quem não pensa, não escreve, e quem não escreve obedece, e mal maior não existe para além daquele que se encontra nas páginas de um livro, mal maior não há para além desta capacidade de leitura e rutura, e pior que ler, só mesmo escrever, e mais para além de dar ideias só mesmo tê-las, às ideias, e distribuí-las, assim mesmo, ao desbarato para quem quiser e a troco de nada, a troco de tudo, em favor da liberdade de sonhar mas também dormir no sono sem sobresaltos das crias e das crianças quando uma mãe nos tem amor.

Nada acontece por acaso, a ignorância não acontece por acaso, o teu telemóvel com gêpêésse não acontece por acaso e a polícia não te prende por acaso. Nada acontece por acaso, apenas a mitose e a meiose que te fizeram acontecem por acaso, mais o espermatozóide do teu pai e o óvulo da tua mãe e o acaso fortuito do destino, o qual não só os juntou, aos teus pais, mas também os fez (e por aí fora). Nada acontece por acaso: tu és a excepção à regra.

Tu, e mais seis mil mil milhões de almas cujo mero burburinho muda o destino da História, para já não falar se saltarem todos ao mesmo tempo... Seis mil milhões de excepções à regra cuja obrigação única é serem livres... e ainda dizia eu, mãe minha, não gostar da Matemática...

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