"Finalmente temos todas as garantias de que necessitávamos para podermos anunciar a abertura da rota Lisboa/Ponta Delgada, que vai ser facto real a partir de final de Março do próximo ano". O anúncio foi feito esta quinta-feira em São Miguel pelo director comercial da easyJet em Portugal, José Lopes. No dia seguinte a Ryanair responde: a companhia irlandesa vai abrir uma nova base aérea nos Açores, a quarta em Portugal, já em Abril e instalar um avião no aeroporto de Ponta Delgada, prevendo transportar 350 mil passageiros por ano.
Termina assim o "monopólio" TAP-SATA nas ligações entre Portugal continental e o arquipélago açoriano, uma alteração só possível graças ao novo modelo das ligações aéreas para as ilhas e que entra em vigor em Março. Um dos pontos fulcrais passa pelos custos das passagens: os residentes no arquipélago passarão a pagar um máximo de 134 euros e caso a companhia aérea cobre um valor superior serão reembolsados do excedente.
José Lopes, da easyjet, que falava aos jornalistas após uma reunião com o secretário regional do Turismo e Transportes dos Açores, Vitor Fraga, não quis adiantar que preços serão cobrados na nova rota, prometendo, porém, segundo adianta a Lusa, divulgar esses valores e outros detalhes da operação na próxima semana. O responsável garantiu ainda que a easy "não tem qualquer contrapartida" pela rota açoriana, referindo "é a concorrência que gera preços baixos".
Posição diferente tem a Ryanair, que anunciou não só o lançamento de três novas rotas — entre Ponta Delgada e Londres (um voo semanal), Lisboa (dois voos diários) e Porto (um voo diário) —, mas também os preços "low cost": 29,99 euros para as ligações com o Continente e 49,99 para quem voar para o Reino Unido.
De acordo com cálculos da empresa, o investimento será de 100 milhões de euros, criando 350 postos de trabalho. Este último número baseia-se no rácio da Airports Council International, que estima que são criados 100 empregos por cada milhão de passageiros transportados.
A Ryanair adianta que “também está em negociações com o Governo dos Açores sobre possíveis voos para a Ilha Terceira e voos internacionais adicionais para as ilhas”. Nos últimos meses, a "low cost", que já tem bases aéreas no Porto, Faro e Lisboa, tinha deixado transparecer a vontade de lançar voos de e para o arquipélago.
O comunicado inclui declarações do Governo Regional dos Açores, com o secretário para o Turismo e Transportes, Vítor Fraga, a afirmar que espera que a companhia “alcance um grande sucesso com o início das suas operações” para “desenvolver o turismo nas nossas ilhas”. David O’Brien, director comercial da Ryanair, refere que a empresa “congratula-se pela decisão do Governo em abrir o mercado açoriano à competição, o que irá beneficiar os residentes, turistas e consumidores”.
Já a easyjet, que inicia a nova rota a partir da Primavera, assegura quatro voos semanais entre Lisboa e Ponta Delgada em Airbus 320 com capacidade para 180 passageiros. Mas, adiantou Lopes, é possível que a partir do Inverno do próximo ano a rota tenha direito a voo diário, estando também já a ser ponderadas ligações à Terceira e voos do Porto, além de outras potenciais rotas europeias.
Nos últimos anos, os Açores têm sido alvo de várias campanhas das companhias portuguesas que asseguravam atá agora as ligações em exclusividade. A mais recente promoção garantia voos de ida-e-volta do continente para o arquipélago, na SATA, desde 88 euros ida-e-volta. Além da easyJet e Ryanair, que agora concretizam um desejo antigo, também a Transavia e a Binter Canárias têm mostrado interesse no arquipélago português.
