Gonçalo Foro: “Acho sempre que vamos ganhar”

O capitão do CDUL vai falhar a Taça Ibérica devido a lesão, mas confia no triunfo dos “universitários” em Valladolid

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João Peleteiro

Respeitado dentro e fora do campo por colegas de equipa e rivais, Gonçalo Foro é um dos símbolos do râguebi português. Aos 32 anos, o capitão do CDUL reconhece ter agora um papel importante junto dos mais novos, mas garante que, enquanto se sentir “útil”, não pensa abandonar. O Jogador do Ano da FPR viajou neste sábado com os “universitários” para Valladolid, onde será disputada a Taça Ibérica que colocará amanhã frente a frente o campeão espanhol e português, mas ficará de fora após ter fracturado a mão há uma semana. Uma lesão que o vai deixar longe dos relvados por dois meses, mas não o retirou do campo contra o Belenenses: com a mão fracturada, o “11” marcou um ensaio que seria decisivo para o triunfo do CDUL, por 30-26, no Restelo. Abandonar o campo? “Não valia a pena. Já sabia que estava fora do próximo jogo.”

A lesão que sofreu há uma semana vai deixá-lo de fora da Taça Ibérica, do apuramento para a Challenge Cup e, muito provavelmente, dos cinco jogos de Portugal no Torneio Europeu nas Nações. Foi uma péssima prenda de Natal…

Claro que sim. Uma lesão nunca é uma boa notícia, principalmente quando vamos jogar uma final. É um cliché dizer isto, mas são ossos do ofício… Já não tinha lesões há algum tempo. Parti o pé, mas ainda como juvenil. Não sou muito de ter lesões.

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Percebeu logo a gravidade da lesão?

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Não me lembro bem da jogada. O Manuel Costa chutou para as minhas costas, a bola caiu entre mim e o Nuno Penha e Costa e após o ressalto ganhei a bola. Na luta com o Bernardo Seara Cardoso, não sei se ao tentar meter o “hand-off”, o dedo veio para trás. Ainda pensei que seria uma luxação, mas depois de o fisioterapeuta ligar-me a mão, ao mexer o pulso, senti dores e percebi que o osso estava instável. Disse-lhe que estava de certeza partido e perguntou se queria sair. Mas para quê? Não valia a pena. Já sabia que estava fora do próximo jogo.

No râguebi as mãos têm um papel muito importante, mas apesar de ter uma fractura, ainda jogou cerca de uma hora e marcou um ensaio. Continuou a jogar porquê?

É difícil responder a isso depois. Na altura não sentimos tanto a dor e estamos com a adrenalina lá em cima. Não pensamos na lesão. O jogo não estava a correr como queríamos e eu queria ganhar. Nessas alturas pomos as lesões de lado. O râguebi é um desporto de combate e temos tantas dores ao longo do jogo que parece tudo a mesma coisa.

O CDUL já está a preparar a Taça Ibérica, que será disputada contra o Valladolid, há várias semanas. Há favoritos para o jogo de domingo?

O Valladolid é uma equipa diferente da que defrontámos há dois anos — contrataram recentemente seis ou sete estrangeiros. Estão mais equilibrados e têm poucos pontos fracos. Mas a nossa equipa está mais crescida e temos miúdos cheios de vontade. Acho sempre que vamos ganhar.

Quais são os pontos fortes dos espanhóis?

Jogam muito bem ao pé, não são muito de jogar à mão e os avançados são todos enormes. Já estamos preparados para isso e é por essa razão que também haverá algumas alterações na nossa equipa para tentar resolver esses problemas.

Em Janeiro o CDUL voltará a ter dois jogos internacionais onde vai defrontar uma equipa italiana e outra russa num torneio de apuramento para a Challenge Cup. Na época passada disputou a competição pelos Lusitanos XV. É bom para os jogadores portugueses participar nestas provas europeias?

No ano passado surgiram críticas pela participação dos Lusitanos na Challenge Cup, por sabermos que íamos levar 80 do Stade Français e perder os jogos todos. Mas defendo que ao jogarmos com equipas de um nível superior ao nosso aprendemos sempre. Este ano, quando me perguntaram a opinião, disse logo que devemos jogar sempre contra equipas que estão acima de nós. Com isso vamos crescendo e subindo o nível. Se fosse um campeonato longo, não fazia sentido. Um ou dois jogos ajuda. Lembro-me que no ano passado, depois do jogo em Paris contra o Stade Français, toda a gente adorou e os miúdos perceberam que podiam melhorar.

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