Construir alternativas: o combate à precariedade em Fórum

A realidade é por demais evidente: a maior parte da massa trabalhadora em Portugal é já hoje constituída por precárias e desempregados

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Horia Varlan/FLICKR

Académicos e activistas de vários países juntam-se, não para fazer a enésima ronda de diagnósticos sobre a precarização e o desemprego galopante, mas para procurar responder no concreto a questões centrais no mundo de quem vive do seu trabalho e vê diariamente ser-lhe retirado o poder, a representação, a dignidade e a independência. No próximo fim-semana organiza-se em Lisboa o 2.º Fórum Precariedade e Desemprego.

A realidade é por demais evidente: a maior parte da massa trabalhadora em Portugal é já hoje constituída por precárias e desempregados. O mundo não é o mesmo que há 20 anos atrás. As estruturas, instituições, representações e a política têm sérios problemas de correspondência com a nova estrutura social criada pelo regime económico em que vivemos, particularmente depois da intervenção da troika em Portugal. Esta situação reproduz-se em Espanha, na Grécia, em Itália – e por isso estarão presentes activistas de todos estes países.

Como é que se enfrenta o desafio da organização dentro dos "call centers", fábricas de precariedade onde se ensaia um novo modelo social de exploração maxima? Como se constrói um regime de Segurança Social para todas as pessoas, quando tantos não têm contrato, a maioria tem um salário baixíssimo e os mais bem pagos ficam cada vez mais aparte na contribuição? Como se faz comunicação de qualidade fora dos meios tradicionais, perante um cenário de depauperização de quem vive do jornalismo? Como se constitui uma rede internacional de trabalhadores precários? Qual o lugar do trabalho na sociedade e na política de hoje? - são algumas das questões principais do nosso tempo e é hora de lhes responder para recuperar o controlo.

Construir alternativas sem ter em conta o novo mundo em que vivemos é inviável, esperar sentado inaceitável. A sociedade que emerge nos escombros da austeridade, à qual é oferecida apenas a emigração, o desemprego, a precariedade e o desespero terá de se levantar no concreto e responder na prática às questões mais prementes do futuro imediato. Pensá-las em conjunto é a mudança estrutural indispensável na maneira como se faz política e activismo. Pô-las em prática é a maior urgência do nosso tempo.

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