Bumerangue: eles só precisam de minuto e meio para te fazer rir

"Sketches" curtos, piadas rápidas — "à lá" Internet — direccionadas para jovens. Duas vezes por semana, Carlos, Pedro, Manuel e Guilherme atiram-nos com um Bumerangue

Já houve um "dealer" que vendia bilhetes para o mítico dia 10 do NOS Alive, um popular predador (o "hipster") que foi alvo de uma edição do BBC Vida Selvagem e um paciente que foi ao médico porque estava a ficar tão beto que até durante a auscultação se escutava a “Lambreta” de António Zambujo. Desde Fevereiro que o Bumerangue é lançado para provocar o riso na Internet — e, desde Outubro também na SIC Radical. A fórmula mantém-se a mesma: “sketches” curtos, piadas sintetizadas — porque na "web" não há tempo a perder — direccionadas para o público jovem.

Todos na casa dos 20, Carlos Coutinho Vilhena, Pedro Teixeira da Mota, Manuel Cardoso e Guilherme Guerra Geirinhas são os guionistas e intérpretes desde projecto que começou no Vine, rede social em que isto do humor rápido (até seis segundos) mais tem sido acarinhado e, claro, partilhado. Alguns já se conheciam (pelo meio houve um curso de escrita de humor com Rui Sinel de Cordes), outros nem tanto. Nada que não se ultrapassasse, como conta Guilherme ao telefone com o P3: “Não havia quase ninguém no Vine cá e, no humor, acabas por conhecer toda a gente. Pensámos: porque é que não nos juntámos? Pegámos nos vídeos que fazemos e criámos algo diferente?”

Assim foi. Os primeiros “sketches” não ultrapassam os 30 segundos, os mais recentes chegam ao minuto e meio. Mas não muito mais. “Em ‘sketches’ de humor, cinco minutos é muito tempo, a pessoa muda de canal”, diz Guilherme. “Ou então vai ver porno”, como se refere na descrição da página de Facebook, que concentra mais de 5500 “likes”, e na conta do YouTube, que ultrapassa os mil subscritores. Números que não são fruto de um investimento financeiro: “Continua tudo sem fazer dinheiro com isto”. Depois da net, os 26 vídeos que compõem a primeira temporada vão ser exibidos na SIC Radical, provavelmente entre anúncios, durante todo o dia. E, enquanto isso, a segunda continua de vento em popa online. Aos domingos e às quintas-feiras há um episódio novo.

Numa área em que há cada vez mais oferta, o que é que o Bumerangue tem de diferente? “Hoje em dia basta ter um panda a comer azeite que tem graça, mas é aquela graça fácil. Sai muita coisa, mas muita é má. Nós tentamos fazer algo diferente”, diz Guilherme. Os vídeos curtos são o “diferencial”. Essa é, aliás, a maior dificuldade, quer na escrita, quer na realização: “É pouco tempo, por isso aquilo tem de ser mesmo bom”. Comunicam assumidamente para um “nicho urbano”, o estudante universitário que sai à noite, mas não se querem limitar a isso. “Temos um público ao qual sabemos chegar bem. Agora, o desafio é chegar a um público maior e crescermos.”

A segunda temporada irá, provavelmente, abordar, por isso, temas “menos específicos”. E houve uma evolução na estrutura: os novos episódios contam um genérico feito com animação, o realizador já tem um sistema de luzes, há um gestor de comunicação. “É tudo muito experimental, mas não é em cima do joelho”, afiança Guilherme. Mas há que disparar rápido. “Nós lançamos o bumerangue e tentamos colher o riso — dá-nos jeito pensar assim.”

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