André criou uma orquestra para trazer a indústria de Hollywood até Portugal

Vencedor da 6.ª edição do Prémio Nacional das Indústrias Criativas quer produzir bandas sonoras “100% portuguesas” para cinema, televisão e videojogos

Regina Coelho
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Com 24 anos, André Miranda fundou a West European Symphony Orchestra (WESO), especializada na composição e produção de bandas sonoras para cinema, televisão e videojogos. A WESO, que “exporta quase tudo”, foi o projecto vencedor do Prémio Nacional das Indústrias Criativas (PNIC) 2014, entregue esta quarta-feira, 15 de Outubro, no Mercado Municipal de Matosinhos.

O compositor terá, agora, 25 mil euros para desenvolver o seu projecto, que tem uma estrutura tripartida entre Lisboa, Santa Comba Dão (“O interior não costuma aparecer em parte nenhuma mas consegue produzir”) e Nova Iorque. É nesta cidade norte-americana que o jovem estuda e vive desde 2011, quando ingressou na New York University (NYU) para estudar “Film Scoring” (música para filmes), ao abrigo de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian.

“Comecei a criar uma coisa informal e foi como uma bola de neve”, explicou ao P3 no final da entrega do PNIC, ainda surpreendido pela vitória. Em 2015, quando tiver concluído o curso, “que equivale a um pré-doutoramento”, André arrancará com a WESO a tempo inteiro. Os 144 músicos que colaboram com a WESO já passaram pelas orquestras da Gulbenkian, Sinfónica Portuguesa, da Madeira, do Algarve e Sinfonieta de Lisboa. “Uma pequena parte dos nosso músicos vem do Reino Unido e da Europa de Leste”, lê-se no site da mesma, que integra ainda recém-formados.

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O conceito de uma orquestra especializada em música sinfónica para filmes foi desenvolvido nos Estados Unidos, enquanto objecto de estudo na NYU, mas a concretização é assegurada em Portugal. “É precisa muita logística, mas a infra-estrutura é de muita qualidade”, garante. O processo de gravação foi também desenvolvido pelo jovem compositor, que costumava tocar violino e piano e estudou no Conservatório e na Escola Superior de Música.

“É como se fosse Hollywood em Portugal”, compara, “mas com um funcionamento mais eficiente”. O segredo está na rapidez e na competitividade da produção — e no dinheiro que as produtoras de cinema ou televisão podem poupar com isso, se comparado com os preços praticados lá fora. “Temos coisas em Portugal que não existem lá [nos EUA], como música e instrumentos antigos, coisas mais europeias. É um produto cultural”, justifica. E isso, diz, “encaixa na indústria cinematográfica que nem ginjas”, sobretudo quando falamos de filmes ou séries de época.

Os planos de André passam por Nova Iorque, onde se vai manter para cimentar contactos e divulgar a WESO. Para já, sabe que a orquestra vai produzir a banda sonora de um filme protagonizado por Ben Stiller, com estreia marcada para 2015. “Este é o primeiro passo para trazer a indústria de Hollywood para Portugal.”

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