Viral, a agenda cultural que é uma "pandemia das boas"

A edição 2014 do Prémio Nacional das Indústrias Criativas tem dez finalistas — e nós quisemos saber mais sobre eles. A Viral é uma plataforma que reúne informação cultural, uma agenda online que quer responder à pergunta "O que é que se passa?"

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O vosso projecto é um dos dez finalistas da edição 2014 do PNIC. Como o descreveriam a quem nunca ouviu falar de vocês?

A Viral é um organismo online especializado em eventos culturais. Nos dias que correm, deparamo-nos constantemente com uma selva de acontecimentos exuberantes (concertos, exposições, festas, conferências) mas a informação disponível na web é tão densa e emaranhada que se torna um pesadelo descobrir aqueles eventos que realmente nos interessam. Para separar o trigo do joio, os Irmãos Génios arregaçaram as mangas das suas batas brancas e plantaram uma agenda online completa, actualizada e fácil de utilizar. Bem regada a ideia, germinou a Viral Agenda para responder de forma natural à pergunta “O que é que se passa?”.

Em que é que a vossa empresa difere de outros projectos semelhantes?

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Antes de mais destacam-se os próprios Irmãos Génios, criaturas de bizarros costumes que vivem em laboratórios subterrâneos e se alimentam essencialmente de frutos secos. O momento "Eureka" propriamente dito consistiu na decisão de cruzar duas espécies simbióticas: um avançado sistema de prospecção automática de dados na web e uma curadoria humana atenta ao rigor da informação, à coerência da imagem e à qualidade dos conteúdos editoriais. Mas talvez a característica mais peculiar da plataforma Viral seja o facto desta ser escalável e replicável como um vírus: amanhã poderá brotar a agenda cultural de Londres e depois de amanhã a agenda desportiva do Paraguai.

O prémio para o vencedor desta edição são 25 mil euros. Caso vençam, como contam investir o dinheiro?

Nesta fase, todos os recursos disponíveis darão vida a novas ramificações digitais, como é o caso da aplicação móvel, da recomendação de eventos baseada nas preferências dos utilizadores ou de um kit de ferramentas que permita aos promotores de eventos comunicar mais organicamente com o seu público-alvo e promover os seus eventos de forma mais frutífera.

O que faz falta às indústrias criativas portuguesas?

Boas propostas não faltam com certeza. Do ponto de vista de quem vem de outra dimensão, parece faltar a seriedade estatal necessária para apostar na educação e na cultura de forma consistente e sustentável e para privilegiar a qualidade em detrimento de uma cultura "fast-food" que prefere insistir na repetição do que ceder espaço à singularidade.

Se a vossa empresa/projecto fosse a uma entrevista de emprego e lhe perguntassem onde vai estar em 2020, o que responderiam?

Tudo pode acontecer quando cultivamos um organismo mutante com uma capacidade de adaptação imprevisível. Tendo atingido já as 150 mil visualizações mensais e sido alvo de diversos reconhecimentos e prémios internacionais, a missão da Viral é replicar-se rapidamente e contagiar outros países até atingir o estado de plataforma transnacional de cartografia cultural, contribuindo para a análise de dados e tendências do sector à escala global, para a uma colaboração fértil entre agentes culturais de todo o mundo e uma comunicação mais directa entre estes e o seu público. No fundo, trata-se de uma pandemia — mas das boas!

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