Ensino superior: o que escolho para a minha vida?

Aos alunos, familiares e todos os participantes destas tomadas de decisão segue o meu humilde conselho: sigam aquilo em que sentirem que serão realmente bons

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Adriano Miranda

Agora que abriram as candidaturas ao ensino superior, a sociedade, as famílias e os meios educativos e políticos esperam destes candidatos que sejam os melhores, com o suporte das instituições de formação/ensino superior, mas também que cada um se salve à sua maneira numa sociedade onde prevalece o desemprego e a falta de confiança para apostar em projectos de vida.

Assim, vemos famílias que querem acrescentar “drs.” aos seus agregados e instituições que querem acrescentar alunos (porque origina receitas e estatísticas para a instituição). No meio disto, ficam os verdadeiros interessados: os futuros alunos/candidatos. Além da muita ansiedade causada pela adaptação a uma nova fase decisiva das suas vidas, a maioria não teve orientação vocacional adequada. Deste modo, propagam-se as dúvidas entre o que querem ser, o que podem na verdade ser (por imposição dos "numerus clausus") e ainda aquilo que a sua família/amigos esperam que sejam.

Este é um verdadeiro caminho difícil. Por um lado, aspira-se a um caminho pedregoso que irá levar a algo estável na vida, por outro lado, já se entra a saber que a possibilidade de empregabilidade no final da formação, salvo raras excepções, é quase sempre infeliz. Nesta sociedade veloz, com processo de globalização e economia do conhecimento velozes e cruéis, o que actualmente é considerado como “bom”, em menos de meia dúzia de anos passa a ser apenas uma formação sem empregabilidade vislumbrada.

Concorrência desleal 

Lamentável é que ainda se veja concorrência desleal nos media entre instituições para angariar mais alunos; que o Ministério da Educação e Ciência não consiga providenciar acompanhamento e orientação vocacional adequados a estes alunos (já que os psicólogos em contextos escolar são nitidamente insuficientes e optam por métricas desadequadas a esta importante fase de transição). Pior ainda: que os órgãos de gestão educativos permitam a continuidade de algumas formações que, comprovadamente, não são viáveis, seja pela futura inserção do discente no mercado de trabalho, seja porque apenas pretendem seguir cega e incorretamente o processo de Bolonha que, veja-se, se padroniza nos países membros da União Europeia, mas se dissipa dentro das nossas fronteiras.

Aos alunos, familiares e todos os participantes destas tomadas de decisão segue o meu humilde conselho: sigam aquilo em que sentirem que serão realmente bons. Não importa se ficam com o título de “Eng.", "Dr"., "Me.", "Enf.", "Prof.". O que importa é que sejam efectivamente bons no que fazem e certos de que, pelo menos a médio prazo, esta decisão fará sentido na vossa vida.

A empregabilidade no final do curso conta, concordo. Mas é incerta, talvez mais certas sejam as competências que podem desenvolver de modo a serem bons profissionais. É disso que precisamos, de profissionais sérios e conscientes, e não apenas pessoas colocadas por médias ou por "status social".

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