Sequin, a “menina” da electrónica sozinha num "mundo masculino"

Ana Miró, sob o nome Sequin, levou a música electrónica pela mão, enchendo-a de influências orientais e de lantejoulas. O seu primeiro álbum a solo chama-se: “Penélope”. Concerto na Casa da Música no dia 7

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Let's Start a Fire

Sequin esperou, mas não tanto como a Penélope de Ulisses. Até ao lançamento do seu álbum de estreia, aos 25 anos, Ana Miró passeou pela bossa nova, pelo rock, pelos blues, pela música clássica e por “cenas mais psicadélicas, como os Jibóia”. Agora, é a vez da electrónica.

Foi em pouco mais de um ano que “Penélope”, lançado em Abril, passou da gaveta ao público, num processo que Sequin  diz ter sido inevitável: "Chegou um momento em que eu senti que estas músicas faziam sentido todas juntas e que era o momento de as guardar num álbum”.

Depois de participar em vários projectos colectivos, como “The Ballis Band”, “Heats”, “Jibóia”, e de ensaiar canto e tocar piano, a artista viu-se sozinha: “Este projecto foi a oportunidade de fazer a música que eu gosto do início ao fim”, conta em entrevista ao P3. "Quando estás em grupo acaba por ser complicado chegar a um produto final que agrade 100% a todos. Não é?, pergunta, retórica. "É isso trabalhar sozinha. Pude experimentar um género que nunca tinha experimentado".

"Mas és tu que compões"

Sequin chegou sozinha à electrónica, "um mundo masculino", trazendo um conjunto de dez músicas que traduzem uma “viagem da escuridão à luz”. Apesar de se sentir acarinhada pelos “homens-músicos”, não param de chover as perguntas de sempre: “Mas és tu que compões?” e “és tu que fazes as músicas?”. A verdade, diz, é que “nós vivemos num país em que a música é um mercado complicado” e no qual as mulheres ainda não entraram a fundo. “Eu conheço muito boa gente", acrescenta, "que tem bons trabalhos e por falta de coragem não os mostra a ninguém”.

Da letra aos últimos "beats", Sequin constrói todas as músicas pela própria mão, num processo natural e intuitivo, mais rápido que o processo de "lançamento  de um álbum”. E há mais de um ano que ela se tem vindo a habituar: “É muito raro eu mexer na composição depois de já ter feito a letra”. A produção, que não é a sua praia, ficou a cargo de Luís Clara Gomes, Moullinex, ambos na asa da Lovers&Lollipops.

Desde “Beijing”, o primeiro single, até “Origami Boy” e “Hikaru Garden”, as músicas de “Penélope” enchem o ar de um imaginário oriental, numa “vontade de encontrar uma sonoridade diferente daquela a que [Ana está] habituada”. Passados os primeiros concertos de lançamento, a cantora não se sente totalmente satisfeita com o resultado final e admite que, hoje, “mudava quase tudo”. Mas não é caso para arrependimentos: “Foi do momento e, se eu ficasse a pensar muito nisso, nunca ia acabar o disco.” Sequin actua a 7 de Junho na Casa da Música, No Porto, um concerto incluído na programação do Verão na Casa.

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