O que dizes do Rock in Rio, Linda Martini?

É tempo de uma confissão: tinham sido já várias as vezes em que me tinha imaginado a entrevistar os Linda Martini, mas nunca me havia passado pela cabeça que o Rock in Rio fosse o palco desse encontro

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É tempo de uma confissão: tinham sido já várias as vezes em que me tinha imaginado a entrevistar os Linda Martini, mas nunca me havia passado pela cabeça que o Rock in Rio fosse o palco desse encontro. Ainda assim, a oportunidade de agarrar na conversa lançando a memória desta crónica não me escapou. Cláudia Guerreiro, baixista da banda, adiantou-se na apreciação: “gostámos todos, achámos que era um texto entusiasmado com algum exagero à mistura mas – caraças! – é bom leres uma coisa assim sobre a tua banda”.

Os Linda Martini são a primeira banda de sempre a tocar em dois dias consecutivos numa edição do Rock in Rio Lisboa. No primeiro, viram-se integrados numa bonita homenagem a António Variações, partilhando o palco com Gisela João e Deolinda (mais tarde, membros dos Heróis do Mar e dos Rádio Macau completaram o tributo). “Correu bem, gostámos muito de participar. Gostámos de ensaiar com os Deolinda; já nos tínhamos cruzado mas nunca tínhamos tocado com eles. É muito boa gente”, afirma André Henriques, vocalista e guitarrista dos Linda. “E com a Gisela repetimos o que já tinha sido feito no Lux”, acrescenta. “O convite deixou-nos contentes porque o António Variações é uma figura que todos respeitamos e, de alguma forma, todos nos identificamos com o sentido experimental dele e com o sentido de vanguarda que ele teve e ainda continua a ter. Gostámos muito de ter sido convidados para este espectáculo.” Cláudia corrobora a ideia: “É um convite para uma coisa diferente, é uma coisa que nós respeitamos e não havia razão para ficarmos receosos. A única razão seria a falta de tempo, mas a coisa foi feita com dois meses de antecedência. Gostei especialmente da ‘Visões Ficções’”. “Sim, gostámos muito das versões que fizemos. Apetece-nos tocar as músicas mais vezes nos nossos concertos. Conseguimos apropriá-las e pegar naquilo que elas já tinham e meter alguma coisa nossa lá dentro”, reflecte André.

Antes de mudar de assunto, há ainda tempo para uma revelação em primeira mão. As canções tocadas com os Deolinda são para gravar. “É estúpido fazer músicas e não as registar de maneira nenhuma”, adianta a baixista. “A única coisa que fica é o concerto que se deu e normalmente isso nem é o ideal. Gravamos e ficamos com aquilo no bolso para um dia se mostrar num baú qualquer”. André recorda uma história que unirá para sempre os “Deolinda Martini”: “com os Deolinda há uma certa afinidade. Um dos nossos técnicos de som, que é o Ângelo, é também técnico de som deles. Quando lançámos o “Ratos”, eles fizeram um vídeo de backstage com as guitarrinhas a tocar o “Ratos”. Depois nasceu o trocadilho Deolinda Martini. Ficou a ideia no ar. O Pedro, dos Deolinda, falou que era giro repetir mas para já não há nada marcado no plano imediato”.

O facto de a estreia ser feita em dose dupla não lhes é indiferente, até porque “o sentimento especial que isto tem é o de nunca cá termos tocado, mas não há o sentimento especial de outro festival qualquer”, admite o vocalista. Cláudia é mais cautelosa: “se calhar passamos a ter uma visão diferente do Rock in Rio… Tínhamos a visão do tipo de público do qual nós não fazemos parte e, estando cá, conseguimos ver a coisa de outra maneira. Eu só cá vim uma vez, vi Placebo já há alguns anos…” André interrompe: “isso não foi no antigo Creamfields, que também foi aqui [Quinta da Bela Vista, Lisboa]?” Pausa para pensar melhor e… “Então isso explica tudo”, ri Cláudia, “portanto rectifico. Nunca vim ao Rock in Rio”. “Isto é horrível de se dizer…”, continua, “acho que tocar no Rock in Rio pode significar perderes algum público mas também podes ganhar outros. As coisas equilibram-se. Mas acho que tem mais a ver com isso do que propriamente com notoriedade. Hoje [dia de Timberlake e Jessie J], não sei bem o que esperar, vamos tocar num dia que não tem nada a ver connosco. Duvido um bocado que o nosso público pague um bilhete do Rock in Rio para vir ver Linda Martini. E as pessoas que vêm ver Timberlake podem não ter muito a ver connosco”.

Então, e já que por cá andam, tiveram oportunidade de ver alguma banda? André puxa pela cabeça e conta que ainda assistiu aos espectáculos de Arcade Fire e Lorde. “Lorde foi fixe?”, quer saber Cláudia. “Gostei muito”, responde o vocalista, “é um som do caraças e beats com muito bom gosto… Aquilo está muito bem feito. O instrumental é óptimo. E de Arcade Fire, que já não foi a primeira vez, também gostei. É um espectáculo diferente mas gostei muito”.

Os Linda Martini tocaram no Rock in Rio a 31 de Maio e 1 de Junho.

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