"Consolida, filho, consolida": noite de re-ouvir o FMI

João Grosso vai trazer o texto FMI, escrito em 1979, à actualidade. De certa maneira, é uma homenagem a José Mario Branco mas é também um forma de agitar o "povo de respeitinho muito lindo"

Foto

Ainda não esquecemos a ironia e a raiva na voz com que José Mario Branco, o próprio, cantou o inesquecível FMI, o texto escrito de um só jorro, numa noite de fevereiro de 1979. O texto em que gritava “consolida, filho, consolida”, ou “nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho?”.

Ainda não esquecemos, dizíamos. E agora que sabemos que o actor João Grosso o vai declamar, de novo, no palco da sala Suggia, esta sexta feira, com as necessárias e devidas adaptações, parece que o estamos a ouvir outra vez. “Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.”

Contamos com ele, claro. Mesmo que ele sempre se tenha recusado a repetir o FMI e que não possa estar fisicamente na Casa da Música, para assistir ao “De certa maneira, um concerto para José Mario Branco”, uma iniciativa do “agitador” musical, Rui Portulez. Antes de ouvir João Grosso, estarão no palco vários autores e grupos a cantar, cada um deles, um par de músicas, quase todas com versões inéditas da obra de José Mario Branco.

Lá estará JP Simoes (já nos tinha dado a “Inquietação”, agora trará outra novidade), estarão também os Marfa, que já desvendaram um pouquinho da “Engrenagem”. E vamos ter Guta Naki, Chullage, Batida com Manuel Pinheiro (Diabo na Cruz) e AF Diaphra. Para fechar este naipe de convidados especiais, teremos ainda Miguel Pedro e António Rafael (Mão Morta) + Ermo, que subirão a palco com Suzana Ralha e o grupo dos Gambozinos para nos dar, entre outras surpresas, uma versão inédita do “Emigrante de quarta dimensão”.

Sugerir correcção
Comentar