Estes dois jovens criaram uma agência de arte em plena crise

Laissez Faire é o nome da nova agência artística dedicada às artes visuais. Este mês levam dois jovens fotógrafos ao Festival de Fotografia Emergente em Barcelona

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Fernando Veludo/nFactos

Com cerca de um ano de existência, a agência de arte Laissez Faire já consegue levar os artistas a exibições e exposições de reputação a nível internacional. Joana Vieira tinha apenas 23 anos quando decidiu apostar neste projecto, em conjunto com Martim Dias, então com 25 anos, que o criou de raiz.

Desde a Pintura, Desenho, Escultura até à Fotografia, as áreas de intervenção desta agência são sobretudo de âmbito visual e representam nomes considerados promissores destas disciplinas em Portugal, nomeadamente António Gonçalves, Constança Araújo Amador, Joana Rêgo, José Brito, Pascal Ferreira e Patrícia Figueiredo.

Também os fotógrafos Ana Catarina Pinho e Tiago Casanova (BES Revelação 2012) integram esta lista e foram escolhidos para expor no Festival de Fotografia Emergente que decorre em Barcelona entre 19 e 25 de Maio, um evento cujo objectivo é dar a conhecer — e, claro, financiar — o trabalho de novos nomes da produção artística no campo da fotografia.

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Tiago Casanova destaca a importância destas montras para os artistas, visto que "em Portugal é quase utópico um artista viver apenas da sua arte, daí ser de grande importância a presença nestes eventos". Ana Catarina Pinho também sublinha a relevância de participar no evento em Barcelona: para além de facilitar o contacto com o trabalho e com os próprios autores, possibilita um contacto presencial com a arte que é diferente daquele que se consegue através dos meios digitais. "Hoje em dia a divulgação e a comunicação de algo é bastante facilitada por intermédio da comunicação digital, mas isso não significa que a recepção dessa mesma informação seja eficaz". 

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Internacionalizar é o principal objectivo

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A participação de Tiago Casanova e Ana Catarina Pinho foi um dos primeiros passos desta agência em direcção ao principal objectivo, que está na génese da sua própria criação: a internacionalização dos autores portugueses. “A maior distinção que podemos fazer entre a Laissez Faire e outros projectos já existentes é a sua forte componente internacional. O nosso principal objectivo é promover o trabalho de artistas nacionais no contexto internacional, divulgando as suas produções e fazendo-as chegar ao público”, esclarece Joana Vieira ao P3.

“Julgamos que é essencial ao processo criativo o cruzamento entre influências e ideias, pelo que procuramos proporcionar aos nossos artistas plásticos essas experiências de internacionalização”. Mas nem só a internacionalização importa a esta agência: a discussão conceptual dos temas que toca são também uma prioridade, afirma Joana Vieira: “a agência procura inserir-se na discussão em torno da arte contemporânea”.

Joana Vieira especializou-se em Gestão do Património mas acabou se juntar a Martim Dias neste desafio. A sua experiência enquanto mediadora cultural e patrimonial em vários museus “transpôs-se para o campo das artes visuais e da arte contemporânea”, sem deixar de ter como principal objectivo “estabelecer a ponte entre os artistas e o público, entre a arte e a sociedade”.

Antes de criar a agência, Martim Dias trabalhou na curadoria e produção de exposições tanto em Portugal como em Espanha. Uma bolsa Inov-Art permitiu-lhe conhecer o Museu de Arte Contemporânea do País Basco, cuja filosofia “se baseia na importância da integração da arte basca no contexto artístico internacional”, com a promoção de exposições de artistas locais e internacionais.

Regressado a Portugal, Martim iniciou o projecto Laissez Faire – Mostra de Arte Independente, muito nos moldes do que tinha aprendido na Espanha, um evento que contou com duas edições. As sinergias com artistas e especialistas da área levou-o a querer transformar as exposições numa agência. “Nas duas mostras constatou-se que existia um núcleo de artistas com um trabalho de qualidade, estruturado, e com potencial de integração no contexto artístico internacional”, explicam ao P3 os dois responsáveis, que acreditam que faltam “estruturas que prossigam o trabalho de intercâmbio e valorização desenvolvido ao longo destes projectos”.

Texto editado por Andréia Azevedo Soares 

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