Põe umas orelhas e tira uma “selfie” porque é dia do burro

A 8 de Maio celebra-se o Dia Internacional do Burro. Para chamar a atenção para o jumento autóctone, o de Miranda, todos são convidados a colocar umas orelhas ... de asno

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#diadoburro/Instagram

A Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA) está a organizar, em conjunto com a We Came From Space (WCFS) um concurso para sensibilizar a sociedade para a raça autóctone em vias de extinção, o Burro de Miranda. O concurso é muito simples: basta só usar umas orelhas de burro e tirar uma fotografia.

Aproveitando o Dia Internacional do Burro como mote, a WCFS, a pedido da AEPGA, vai lançar um passatempo que consiste na personalização de umas orelhas de burro disponibilizadas em formato pdf para "download" no site do concurso. A ideia é muito simples e aproveita a febre das "selfies". Assim, quem quiser participar terá de aliar a criatividade à boa disposição, construindo umas orelhas singulares, colocá-las e registar o momento através de um auto-retrato. A foto deverá ser publicada numa rede social à escolha, com a devida "hashtag".

Após serem anunciadas as 20 melhores fotografias, será atribuído um prémio aos cinco primeiros classificados. Um dos responsáveis pela AEPGA, Miguel Nóvoa adiantou ao PÚBLICO que os vencedores serão convidados a passar um dia com os burros, nos “trabalhos diários de alimentação e manutenção do Centro de Valorização do Burro de Miranda”, a fazer um passeio de uma hora e ainda têm direito a apadrinhar um dos animais. Além disso, será também oferecida uma entrada para o “festival itinerante da cultura tradicional” L Burro e L Gueiteiro.

As actividades não acabam por aqui. Há também a ideia de desenvolver em paralelo um plano pedagógico para sensibilizar as escolas do distrito, com o objectivo de “desconstruir a imagem pesada e negativa” associada às orelhas de burro, envolvendo as crianças num processo “pessoal, criativo e divertido” para, no fim, terem orgulho e não vergonha “nas suas orelhas”.

Tiago Costa, um dos responsáveis da acção na WCFS, adiantou que se poderia envolver também outras escolas, como por exemplo as do Porto, onde está sediada a WCFS. Na sua opinião é necessário “forçar, educar e sensibilizar” as pessoas no sentido de “inverter o pensamento negativo sobre as orelhas”

A Associação e o Burro de Miranda

A AEPGA surge em 2001 com o objectivo de preservar a tradição e valorizar a imagem da raça autóctone de asininos das Terras de Miranda, em Trás-os-Montes. O objectivo é dar a conhecer não só as potencialidades do burro a nível socioeconómico, como também a sua utilização em novas actividades como o turismo, a terapia assistida e a educação.

Miguel Nóvoa faz um balanço muito positivo dos 13 anos de existência da AEPGA que passou, essencialmente, pela mudança de mentalidade em relação à raça. “Acima de tudo, notamos uma grande diferença na atitude geral face ao burro, que é cada vez mais olhado com carinho e respeito, o que nos leva a crer que o esforço que temos vindo a fazer para dignificar este animal tem tido bons resultados”, diz.

O propósito de preservação desta raça autóctone também tem sido cumprido pois, desde 2002, houve um aumento de 10 para 80 nascimentos por ano. No território desta raça – que abrange os concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro – há uma relação emocional muito forte entre o criador e o animal, o que faz dele "um caso especial". Para os transmontanos, o burro “é um símbolo da região e, por isso mesmo, um motivo de orgulho”.

Na última década a AEPGA tem desenvolvido um “trabalho de proximidade”, desde os programas de formação de jovens ou a campanha de apadrinhamento do burro, como forma de angariar fundos. Também os passeios, as peças de teatro ou as acções de sensibilização ambiental nas escolas são alguns dos projectos.

A WCFS é um estúdio-escola que surgiu há três meses com o objectivo de aliar o trabalho do formador ao do aluno e ao do profissional. Este espaço do Porto abrange diversas áreas, desde a comunicação ao design ou à distribuição. Tiago Costa afirmou que quando visitou Atenor, onde está sediada a AEPGA, ficou surpreendido pelo “trabalho social” feito com a população.

Texto editado por Ana Fernandes

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