Musikki, o agregador musical português que já chegou a Londres

Quisemos saber o que aconteceu aos vencedores das anteriores edições do PNIC. O Musikki, que venceu em 2013, é um agregador de informação musical que até já foi comparado ao IMDB da música. De Aveiro, onde nasceu, já passou também para Londres

Foto
Five Wun O Clothing/Flickr

Como descreveriam o Musikki a quem nunca ouviu falar de vocês?

O Musikki é uma plataforma que junta, num só local, toda a informação, conteúdos e serviços musicais dispersos na rede. No Musikki podemos saber tudo sobre artistas, álbuns ou músicas e comprar ou ouvir música. Além disso, os utilizadores registados podem seguir os artistas que mais gostam passando a receber alertas sempre que sai um novo álbum, é anunciado um concerto nas proximidades ou quando é submetido conteúdo oficial para a rede (como vídeos no YouTube). O Musikki tem sido comparado internacionalmente a um IMDB para a música mas com uma grande diferença: os conteúdos são agregados em tempo real. Isto significa que o perfil de artista no Musikki é sempre o mais completo e actual.

Em que é que o vosso projecto hoje em dia difere daquilo que idealizaram originalmente, quando arrancaram com o conceito?

Foto

Embora o conceito base se mantenha — a agregação e indexação de conteúdos musicais em tempo real —, houve grandes alterações enquanto produto final e na estratégia de negócio. Isto é algo que será mais perceptível quando lançarmos a nossa app mobile, mas o Musikki deixou de ser apenas uma plataforma de acesso a conhecimento musical, que visitamos quando queremos saber mais sobre um artista, para ser uma ferramenta essencial no dia-a-dia de todos os apaixonados por música. Em termos de modelo de negócio, deixamos de ser um produto estritamente B2C para passarmos a oferecer um serviço B2B com o qual iremos fornecer informação sobre artistas, álbuns e músicas aos principais “players” mundiais.

Foto

Receberam 25 mil euros de prémio monetário por vencerem a edição de 2013. Onde é que investiram esse dinheiro e que frutos teve esse investimento?

O dinheiro deu-nos o fôlego que precisávamos para acelerar o projecto. Temos dois novos serviços que vão ser lançados brevemente e que, de outra forma, teriam de esperar mais tempo para serem executados. Possibilitou ainda a abertura do nosso escritório em Londres, que será crucial para o desenvolvimento do negócio. Pretendemos ser uma das referências da indústria musical e estar em Londres significa estar no coração da indústria. Importa salientar que vencer o Prémio Nacional das Indústrias Criativas é muito mais do que o dinheiro: é validação de especialistas da área das indústrias criativas; ter acesso a “mentoring” e formação de qualidade; relação privilegiada com instituições como a Unicer e a Fundação de Serralves e maior visibilidade nos meios de comunicação social. O valor real do prémio é muito superior aos 25 mil euros.

Que tipo de projecto é que gostariam de ver vencer a 6.ª edição do PNIC?

Gostávamos que fosse um projecto com ambições globais e que ajudasse a promover a qualidade das indústrias criativas portuguesas lá fora. De resto não temos mais preferência nenhuma, até porque uma das características deste prémio é a diversidade das candidaturas, que esperamos que isso se mantenha sempre.

O que faz falta às indústrias criativas portuguesas?

Em primeiro lugar, falta que sejam encaradas mesmo como uma “indústria” pelas instituições governamentais. Que se perceba o real potencial económico das indústrias criativas e que se invista nesta área com a mesma força com que se investe noutras, tradicionalmente com mais peso na nossa economia. Outros países, como por exemplo o Reino Unido, perceberam há muito esse potencial e estão a tirar um enorme partido, neste momento, do investimento feito há alguns anos. Em segundo lugar, falta-nos pensar num mercado global: o mercado português é pequeno para a qualidade que temos. Podemos ter um retorno muito maior se a nossa música, cinema, literatura, teatro e artes plásticas forem bem promovidas lá fora. O caminho parece difícil mas, na realidade, basta que se mudem mentalidades e se criem infra-estruturas. Porque talento, esse, não nos falta.

Se o vosso projecto fosse a uma entrevista de emprego e lhe perguntassem onde vai estar em 2020, o que responderiam?

Vamos ser uma das principais referências da industria musical a nível mundial: não só o principal destino no que toca a informação e descoberta musical mas também o “backbone” de dados que suporta toda uma indústria. Teremos centenas de milhões de utilizadores nas plataformas e todas as aplicações musicais existentes em 2020 terão integração com o Musikki. Coisa pouca portanto!

Sugerir correcção
Comentar