5 Para a Meia Noite: serviço público durante a semana

De louvar o facto de ser um programa que ganhou o seu espaço, que é despretensioso, diferente no panorama nacional e que não se leva muito a sério, apesar de ser uma coisa a sério

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5 Para a Meia Noite

Há um programa televisivo nacional que permanece fresco, actual e recomendável, apesar de já durar há alguns anos. O 5 Para a Meia Noite é um talk-show português - produto RTP - com uma particularidade já sobejamente conhecida, que o torna original e dinâmico: conta com cinco apresentadores diferentes, um para cada dia útil da semana.

Claro que o facto de ter um anfitrião reservado para cada um desses dias não garante, "per si", bons programas. O sucesso de cada emissão depende também do guião e da pré-disposição dos convidados para serem entrevistados num tom animado e ritmado, direcionado para um público maioritariamente jovem e num formato que bebe um pouco dos "talk-shows" americanos.

Aponto como outras virtudes deste programa o facto de ser descontraído, informal, ousado e despretensioso, sem deixar de abordar temas pertinentes e sérios. Concordo quando dizem que o “5” é um exemplo de sucesso em Portugal de uma fórmula que mistura a vertente lúdica e a didáctica, prestando um bom serviço público. Senão, vejamos:

- Entretém: o seu lado recreativo e humorístico é basilar para toda a estrutura do programa. Aqui, vale tudo: "sketches", apanhados, entrevistas de rua, piadas rápidas sobre a actualidade, jogos com os convidados, rubricas inteligentes ou parvas o suficiente para provocarem um sorriso ou uma gargalhada à plateia e ao telespectador;

- Informa e educa: a vertente pedagógica e informativa do “5” é incontornável. Desde as entrevistas aos convidados, até aos alertas e campanhas de sensibilização sobre variadas matérias como, por exemplo, a saúde, a cultura ou o ambiente;

- Divulga: o programa dá voz a causas nobres, interessa-se por ideias e pessoas inovadoras, ajuda a divulgar cartazes culturais, dá tempo de antena a projectos originais e possibilita que, para além de artistas já consagrados, subam ao palco novos talentos musicais;

- Interage com o público: o “5” consegue interagir em tempo real com os internautas, revelando-se activo, interactivo e interventivo nas redes sociais. Conta, por exemplo, com quase 800 mil seguidores no Facebook e com uma recente aplicação que permite que os fãs influenciem o decorrer do programa;

- Diversifica: a irreverência de cinco apresentadores dota o programa de cinco personalidades diferentes. Os convidados podem ser oriundos da política, do humor, do jornalismo, do teatro, do cinema, da ciência, do associativismo, da música, do desporto, enfim… de todas as esferas sociais. Os segmentos do programa também se renovam e a “magia do direto” trata do resto.

Como é natural, não vejo todos os programas. Nem gosto necessariamente de todos aqueles que vejo. Mas gosto da maioria. De louvar é o facto de ser um programa que ganhou o seu espaço, que é despretensioso, diferente no panorama nacional e que não se leva muito a sério, apesar de ser uma coisa a sério. Acredito que esta sua estratégia de diferenciação e posicionamento seja a chave do seu sucesso.

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