OpenKnit, uma máquina de tricotar para se ter em casa

Um designer espanhol desenvolveu uma ferramenta de fabrico digital de peças em tricot. Através do OpenKnit é ainda possível partilhar online os ficheiros das peças, através de um "guarda-roupa digital"

É uma espécie de impressora 3D mas aplicada a peças de roupa — e não a objectos de plástico ou outro material rígido. O OpenKnit, criação do designer espanhol Gerard Rubio, “é uma ferramenta de fabrico digital, de custo baixo e ‘open source’, que permite criar peças de roupa a partir de ficheiros também digitais”.

Tal e qual como numa impressora 3D, o utilizador deve colocar a matéria-prima (neste caso, a lã), escolher o modelo a reproduzir e iniciar o OpenKnit, que é composto por uma “cama de agulhas semelhante ao que usamos quando tricotamos à mão, mas numa quantidade muito maior”, descreve a Motherboard.

Esta é uma tecnologia “open source” porque os ficheiros que correspondem às peças de roupa estão disponíveis para “download” e porque a própria máquina pode ser replicada por qualquer pessoa com interesse e conhecimento. “Qualquer utilizador que construa a sua própria máquina torna-se um ‘developer’ e expande a comunidade. Desta forma, o projecto evolui colectiva e organicamente, atingindo uma velocidade e um nível de desenvolvimento impossível de alcançar se fosse apenas de uma pessoa.”

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Gerard Rubio

Um "guarda-roupa virtual" 

O “software” utilizado chama-se Knitic e foi desenvolvido pelos artistas Varvara Guljajeva e Mar Canet, com quem Gerard trabalha. Os desenhos da roupa vão para um repositório online criado por Takajiro Yamaguchi — outro colaborador do designer espanhol —, o Do Knit Yourself, descrito como “um guarda-roupa virtual” pensado para ser partilhado.

“A máquina começa uma camisola por baixo, criando três secções tubulares — braço esquerdo, tronco e braço direito — que são, depois, tricotadas até à axila, onde se unem para finalizar a os ombros e a zona do pescoço”, explica ao P3, em entrevista por e-mail. Para já, da primeira colecção com a assinatura OpenKnit apenas fazem parte uma camisola, um vestido, um gorro e um lenço.

A ideia surgiu a Gerard, de 29 anos, enquanto terminava a formação em Design Media, período durante o qual esteve em contacto com maquinaria têxtil. “Haverá sempre um sector da sociedade que não tem tempo ou interesse em construir uma máquina de raiz; por isso, se a quiserem ter, podem acabar por comprá-la. Contudo, a essência do projecto é que a sua documentação permaneça aberta e livre, ao mesmo tempo que as peças da máquina se mantêm o mais acessíveis possível”, justifica Gerard. Tudo para “democratizar os meios de produção”.

“O OpenKnit mostra como uma máquina feita em casa pode tirar o poder das grandes empresas de pronto-a-vestir e devolvê-lo aos consumidores, que podem assim customizar as roupas e torná-las únicas, aumentando a coesão social e o desenvolvimento criativo”, sublinha o também docente universitário.

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