Dois hostels para brindar o sucesso turístico do Porto

De que forma uma boa oferta hoteleira contribui para o sucesso da cidade? Visitámos dois hostels da cidade escolhida como o melhor destino europeu de 2014

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O Dixo's Hostel abriu em Novembro de 2011 Nelson Garrido

Quando a notícia de que a cidade havia arrecadado pela segunda vez o prémio de melhor destino europeu do ano estourou, Joana Dixo partilhou-a imediatamente no Facebook. Aquele prémio também era dela e do seu hostel aberto em Novembro de 2011 em plena Rua Mouzinho da Silveira.

 Junto à estação de São Bento e com o Teatro Nacional de São João a dois passos, o Tattva Design Hostel, que arrecadou recentemente o prémio de melhor hostel europeu de grande dimensão, é todo Porto por fora. A fachada do edifício da Rua do Cativo, herdado por um dos proprietários, foi recuperada para ser assim: tipicamente portuense.

Lá dentro a história é outra: “Por opção” — salienta a proprietária Himali Bacho, há 13 anos a viver no Porto —, os empresários decidiram “apostar num design clean”. “Acreditamos que a cidade vive-se fora de portas, aqui quisemos manter alguma neutralidade”, explica Himali, que gere um hostel com elevador e completamente preparado para pessoas com mobilidade reduzida.

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O Tattva foi recentemente considerado o melhor hostel de grande dimensão da Europa DR

Destino barato (e para repetir!) 

Quando há uns anos os proprietários dos hostels Dixo’s e Tatva perguntavam aos hóspedes por que tinham decidido visitar o Porto havia uma resposta muito frequente: “Porque é um destino barato.” “Muita gente vem por isso. E depois descobre o Porto e as pessoas e querem voltar, claro. Temos muitos repetentes”, conta Joana Dixo.

Uma hospede toca guitarra e trauteia uma música, alheia a quem entra. Na recepção do Dixo’s, há instrumentos musicais, televisão, “playstation” e livros. Há fotografias da cidade penduradas numa corda e quadros alusivos à Invicta. Num mural forrado a cortiça, panfletos de todos os géneros: restaurantes da cidade, bares, mapas. Atrás do balcão da recepção lê-se: free walking tours.

A miscelânea funciona exactamente como Joana Dixo quer — percebemos minutos depois, quando a anfitriã explica o conceito do seu hostel: “Queremos que os hospedes sintam o Dixo’s como uma casa longe de casa” e que “conheçam o Porto de uma maneira local e não turística.” A cada piso há um mural alusivo à cultura portuguesa e no quinto e último a prenda final: uma vista fabulosa sobre a cidade num pátio onde se servem pequenos-almoços e se fazem churrascos.


A falta de apoio do Turismo de Portugal, que não inclui os hostels nos seus roteiros, é uma mágoa que os proprietários destes espaços não escondem. “Temos todas as obrigações de um hotel e nenhuma regalia”, lamenta Joana Dixo. “E por isso o prémio que o Porto ganhou é ainda mais importante para nós, ajuda-nos a promover o nosso trabalho.”

O Porto é cada vez mais visto como um destino apetecível. Ainda sem os dados de Dezembro, em 2013 a região já tinha ultrapassado os números de dormidas a que os associados da Associação de Turismo do Porto se tinham proposto. A procura subiu para dois milhões e 500 mil dormidas, mais 14% do que em 2012. E a tendência é para que continue a subir. Um sucesso que deve muito ao aeroporto Francisco Sá Carneiro e à Ryanair, que com a sua base na cidade trouxe já milhares de turistas à cidade. Desde o início do mês que a Easy Jet voa do Porto para Paris e também a Europe Airpost já disse pretender iniciar voos regulares para vários destinos de França.

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