A “slot machine” de Moullinex dá música

Produtor português queria mostrar que no formato Live há músicos que "tocam instrumentos", ao contrário do que costuma acontecer na electrónica. Na Moullinex Live Machine, só há "jackpot" quando aparecem todos os elementos da banda

Está tudo na ponta do rato. Clica-se “Spin” e os três cilindros rodam. Faz-se figas e espera-se: um metrónomo, dois metrónomos, três metrónomos. Outra vez. “Spin”, um ananás, um cão e uma bola de espelhos. Não desistimos. "Jackpot!" Três cabeças, as de Bruno Cardoso, Luís Clara Gomes e Miguel Vilhena. Prémio: uma música à nossa espera na caixa de e-mail.

Luís Clara Gomes, Moullinex para o mundo, voltou a juntar-se ao designer Sílvio Teixeira, autor dos vídeos de “Take My Pain Away” e “Darkest Night” e, noutras paragens, do Mikado de cadeiras da Vienna Design Week, e a seis mãos (faltam as de Ana Magalhães) conceberam a Moullinex Live Machine, uma “slot machine”, que, em vez do som de moedas a tilintar, dá outra música. Mais precisamente três, entre as quais um “edit” da requisitada “The Old And The Young” dos Midlake, que Moullinex costuma tocar ao vivo.

Nas vésperas da digressão americana (arranca a 12 de Março, no SXSW, em Austin), Luís queria mostrar às pessoas que ,“ao contrário de muitos formatos ao vivo da música electrónica”, no modelo Moullinex Live os músicos tocam instrumentos em palco, explica por telefone ao P3. “Queria explicar isto, sem ter de explicar, sem ter uma descrição monótona.” Como três cabeças pensam melhor que uma — Ana completa a tríade criativa —, a ideia depressa caminhou para um misto entre site, vídeo interactivo e publicidade, um conteúdo que tenta explorar ao máximo as potencialidades da internet, na senda das novas tendências do formato videomusical

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A mensagem é simples

Afinal, na internet a “audiência potencial é enorme”, diz Luís, para quem não é indiferente a linguagem visual utilizada nos videoclipes. “Há uma tradição de impessoalidade na música electrónica. Ao contrário do rock’n’roll, que é mais visceral, [a electrónica] é mais interior. Como é um processo menos humano, gosto de o complementar com uma imagem mais humana, o mais orgânica possível.” Sílvio que, lá está, “fala a mesma linguagem”, faz por isso. “Há uma tentativa de se tentar criar algo novo e de chegar a diferentes públicos”, diz, em relação à interactividade desta “slot machine”. “A relação com a imagem está a ser reinventada, à medida que as tecnologias vão evoluindo. O importante é tentar.”

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Há três músicas para ganhar DR

Lançada na quarta-feira, a Moullinex Live Machine conseguiu bloquear o servidor e recebeu milhares de visitas de todo o mundo: EUA, Portugal e Reino Unido estão nos primeiros lugares, seguidos bem de perto (e curiosamente, nos tempos que correm) pela Ucrânia. Sendo “um filho directo do MySpace”, Luís não tem pruridos em tornar a sua música disponível. “Sempre dependi de oferecer música. O meu objectivo é que o máximo de pessoas a ouçam.” Antes da digressão pelos EUA (com “auto-caravana”, 15 ou 16 datas, um desejo inscrito na “lista de coisas a fazer antes de morrer”), Moullinex passa sábado, dia 22, por Esmoriz. Em Junho, há um concerto especial no CCB e, no Verão, umas actuações prometidas em festivais. Por fim, no final de 2014 estará cá fora, se tudo corre bem, o novo álbum que sucede a "Flora" (2012).

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