Não falem mal da praxe

Acho que deviam criar uma Autoridade Reguladora da Praxe, um misto de PIDE com aqueles seguranças do Vasco da Gama

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Parem com isso, não falem mal da praxe. Eu fui praxado da maneira certa e digo-vos que o recomendo imenso. Na minha faculdade, a praxe não é cruel. Nas outras é que é. Aqui não, venham ver e vejam que o pessoal se diverte.

Aqui, os veteranos recebem os caloiros com um "cocktail" de boas vindas no Altis, seguido de um seminário de valorização pessoal com o Jordan Belfort e uma massagem vietnamita da parte da manhã. De tarde, almoço no Eleven, passeio de "buggy" na Praia da Carcavelos e um "workshop" de danças de salão/sushi/construções em argila. Finalmente, jantar na Brasserie de L’Entrecôte, "cocktail" no Silk Club, e regresso ao Altis (em autocarro Barraqueiro fretado) para dormida. Os trajes são Pierre Cardin e os cânticos do curso são escritos pelo B Fachada.

A praxe das outras faculdades, não conheço. Mas não me parece que seja escrupulosa. Parece-me que, nas outras faculdades, o caloiro é recebido com uma chuva de escarras do Maxi Pereira e uma tertúlia sobre o "Fght Club" com duas raparigas das Fanáticas Record. Nas outras faculdades, os veteranos tiveram formação intensiva certificada com o Joseph Fritzl. Nas outras faculdades, as Associações de Estudantes põem de parte uma verba para, na praxe, pagarem a presença do Violador de Telheiras no Baptismo. Nas outras faculdades, a prova final do Rally Tascas consiste em virar "shots" de amostras de sangue recolhidas na África subsariana. Nas outras faculdades, os jantares de curso são no Go Natural.

Acho que deviam criar uma Autoridade Reguladora da Praxe, um misto de PIDE com aqueles seguranças do Vasco da Gama que usam o mesmo "blazer" que o Messi. Na minha, somos "team builders". Nas outras, são carniceiros. Na minha, mão direita é penalti. Nas outras, mão direita é prótese.

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