A Sexta de Bicicleta de Nina Schmolka

Acredita que quem pedala é mais feliz e amigável e aprecia o silêncio deste meio de transporte. A alemã Nina Schmolka usa a bicicleta para a maior parte das suas deslocações por Lisboa

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Nina Schmolka, 29 anos, é alemã e mudou-se há três anos de Berlim para Lisboa. É estudante de doutoramento no Instituto de Medicina Molecular. A sua relação com a bicicleta começou cedo, quando aos três anos de idade decidiu imitar a irmã mais velha, que já pedalava. Desde então, a bicicleta é uma ferramenta e companheira natural do dia-a-dia de Nina, que a usa para chegar ao trabalho e para todos os planos que faz pela cidade. Nina admite que, no início, não era óbvio como vencer os obstáculos numa cidade tão diferente de Berlim. Mas, após começar, tudo se tornou muito mais fácil. De todos os mitos iniciais, sobrou apenas um — que quem pedala regularmente é mais saudável e amigável. Verdade?

O que te levou a começar a usar a bicicleta para te deslocares?

Aos três anos de idade, só queria aprender a andar de bicicleta, talvez por influência da minha irmã que já pedalava. Insistia imenso com os meus pais até que, finalmente, o meu pai me arranjou uma pequena bicicleta com rodinhas. Passei o dia todo às voltas na rua onde morava, a treinar, evitando apoiar-me nas rodinhas. À noite, quando ele chegou a casa depois do trabalho, pedi-lhe que tirasse as rodinhas e, assim, num dia apenas aprendi a andar de bicicleta. Desde então, utilizo a bicicleta diariamente, para ir para a pré-primária, escola primária, liceu, universidade e, agora, para o trabalho. ?

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De que formas usas a bicicleta à sexta-feira?

Numa sexta-feira normal, uso a bicicleta para ir para o trabalho. Se tiver planos ao fim do dia também vou de bicicleta, quer seja para jantar em Alfama, beber uns copos no Bairro Alto ou dançar na Baixa.

Que tipo de bicicleta ou equipamento?

Tenho uma estradeira urbana de homem, já bastante antiga. Veio da Suíça e, numa ocasião, um amigo disse-me: “Tu não pedalas numa bicicleta! Isso é um autêntico museu!”.

O que muda na tua vida nas sextas-feiras em que levas a bicicleta contigo?

Para mim, uma mudança seria não usar a bicicleta numa sexta-feira. Acontece por vezes e arrependo-me sempre por causa do trânsito louco das sextas-feiras.

Existem alguns mitos (sobre a utilização da bicicleta) que tenhas vencido?

O único mito que eu tenho sobre bicicletas é que acredito que quem pedala é mais feliz e mais amigável. E continuo a acreditar que isso é verdade, embora já tenha conhecido algumas pessoas espectaculares que não utilizam bicicleta!

O que poderia melhorar nos percursos que realizas?

Poderia haver mais vias dedicadas a bicicleta e menos trânsito. Também acho que alguns taxistas e motoristas de autocarro poderiam ser mais cuidadosos com os ciclistas.

Um momento em que te sentes mesmo bem a andar de bicicleta.

Quando pedalo bem cedo, pela manhã, ou mais tarde, à noite. Está tudo mais calmo e adoro pedalar por ruas quase desertas, seja porque as pessoas ainda dormem, ou porque já dormem.

Uma pessoa da praça pública que gostarias de ver a andar de bicicleta e porquê?

Em Portugal, era porreiro que fosse uma pessoa que pudesse influenciar os miúdos e adolescentes, de modo a que se torne mais natural, no futuro, a utilização da bicicleta. Acho que é importante começar a pedalar bem cedo, quando ainda somos muito novos. Tendo isso em consideração, talvez... o Cristiano Ronaldo?

O que tens a dizer a quem diz que andar de bicicleta na tua cidade é impossível?

Pedalar em Lisboa é perfeitamente possível. No princípio, também eu receei não ter força para subir algumas colinas. Mas ao utilizar a bicicleta, aprende-se diferentes percursos para nos deslocarmos através da cidade. Frequentemente, é possível evitarmos as maiores inclinações e, para mim, a beleza da cidade justifica o esforço que isso possa exigir. Obviamente, pedalar é mais saudável, rápido e amigo do ambiente. Sobretudo, pedalar é silencioso, por isso não há poluição sonora.

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