MAISMENOS: o nada vai estar à venda numa galeria de Lisboa

"Sell Out", de Miguel Januário, estará patente numa galeria temporária situada no n.º 56 da Rua Fernando Palha

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Miguel Januário, ou MAISMENOS, enterrou Portugal em Guimarães e agora tem uma exposição onde nada se compra Paulo Pimenta
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Miguel Januário, ou MAISMENOS, enterrou Portugal em Guimarães e agora tem uma exposição onde nada se compra Paulo Pimenta

O artista Miguel Januário, que "matou o rei" com o projecto MAISMENOS em Guimarães, inaugura esta sexta-feira em Lisboa uma exposição onde não há nada que o dinheiro possa comprar. Mas o nada vai estar à venda.

"Sell Out", expressão inglesa que pode ser traduzida em português como liquidar ou vender por liquidação, mas também é utilizada para se referir a alguém que se vende, num sentido figurado, estará patente numa galeria temporária no n.º 56 da Rua Fernando Palha.

Miguel Januário explicou à Lusa que a exposição, quase toda composta por peças novas, “é uma alusão ao consumo e ao funcionamento do sistema de mercado e a influência que ele tem nas nossas vidas, nas nossas necessidades e no modo como nos implementou a ideia que tudo é comercializável, ao ponto de nós próprios nos tornarmos produtos”.

Além disso, o artista espalhou por Lisboa vários "stencils" [graffitis feitos com recurso a um molde], onde é possível ler-se “vende-se Portugal”, na avenida das Forças Armadas, ou o título da mostra, “Sell Out”.

Com o projecto "MAISMENOS", Miguel Januário, entre outras coisas, "matou o rei" em Guimarães, pintou em paredes do Porto frases de pernas para o ar e escreveu ámen em Lisboa em nome do Espírito Santo, da Sonae e do Amorim. A ideia, segundo Januário, é dizer aquilo que o cidadão comum não consegue.

Na mostra "Sell Out" haverá uma sala dedicada ao projecto ±Portugal 1143-2012±, o tal em que o rei morreu, desenvolvido no ano passado no âmbito de Guimarães - Capital Europeia da Cultura. Nessa sala, explicou, “poderá visualizar-se os quatros capítulos [do projecto] em vídeo, acompanhados pelo caixão do IV capítulo: "Morte", exposto pela primeira vez depois de Guimarães”.

Da mostra, além de instalações e vídeo, haverá também uma "performance", que irá realizar-se apenas na inauguração, marcada para sexta-feira às 19h00.

"Vende-se tudo"

O texto da apresentação de "Sell Out" diz que "vende-se tudo". Quando questionado sobre se isto é de facto assim, ou se ainda há coisas impossíveis de comprar, Miguel Januário respondeu com uma frase que estará presente na mostra: "±There is nothing. Money can buy.±" [Não há nada. Dinheiro pode comprar].

"E o 'nothing' [nada] vai estar à venda na exposição”, garantiu. “Sell Out”, que estará patente até 12 de Outubro, realiza-se no âmbito dos "Lisbon Pop-Up Shows", uma iniciativa do projecto Underdogs, que tem como responsáveis a francesa Pauline Foessel e o português Alexandre Farto, também conhecido como Vhils.

O "Lisbon Pop-Up Shows" divide-se entre arte pública, com pinturas nas paredes da cidade, e exposições dentro de portas, no espaço da rua Fernando Palha, recuperado e transformado em galeria de arte. A primeira exposição aconteceu em Maio, com a dupla de ucranianos Interesni Kazki a deixar uma pintura surrealista numa parede na zona da avenida de Almirante Reis. Em Julho, esteve patente na galeria da rua Fernando Palha uma exposição do coletivo norte-americano Cyrcle, que também deixou trabalho nas ruas de Lisboa. Para Dezembro está planeada uma exposição com artistas nacionais e estrangeiros.

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