Jocelino pode ser o primeiro astronauta português no espaço

Foi um dos quatro vencedores, entre 87 mil participantes, do concurso inglês da marca AXE, o que lhe dá fortes hipóteses de ganhar uma viagem ao espaço

Dato Daraselia
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Jocelino Rodrigues Dato Daraselia
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Jocelino Rodrigues Dato Daraselia

Jocelino Rodrigues, 19 anos, natural do Porto, estuda Engenharia Aeroespacial na Universidade de Bristol mas, para ser o protagonista deste texto, ser da área não era uma condição necessária. Podíamos ter conversado sobre o concerto que deu na rádio universitária ou sobre a sensação de ganhar a Varsity Cup de futebol universitário. Mas o que pode realmente inscrever o seu nome nas páginas da história? Tornar-se um dos primeiros portugueses no espaço (ver texto ao lado), caso consiga passar com sucesso as provas que tornarão um grupo restrito de 22 comuns cidadãos em astronautas por uns dias. Tudo se decidirá no final deste ano, na estação espacial da NASA, em Orlando, EUA.

O desafio foi lançado a homens e mulheres em cerca de 60 países, para promover um novo produto da marca AXE. Na Florida, 100 finalistas, vencedores dos respectivos concursos nacionais, vão ser submetidos a uma série de testes sob a supervisão do astronauta Buzz Aldrin. Uma viagem num jacto que consegue voar ao dobro da velocidade do som e um voo parabólico que recria a gravidade zero são algumas das provas a superar. Também terão uma experiência numa máquina centrifugadora que simula a mesma Força-G experimentada pelos astronautas durante a viagem de regresso. O voo ficará a cargo da agência espacial internacional Space Expedition Corporation (SXC).

Para ser um dos quatro escolhidos pelo Reino Unido, Jocelino superou quatro exigentes provas: testes de giroscópio, de agilidade, de capacidade de reacção, de velocidade, uma entrevista e uma corrida de quadrotor. A competição decorreu durante dois dias num centro comercial londrino, artilhado com material emprestado pelo exército inglês. Foram os vencedores num universo de 250 finalistas. 

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Os quatro finalistas do primeiro dia da competição

Após o término de um estágio de Verão numa empresa que trabalha para a Airbus, este jovem dispensou uma hora para conversar com o P3 sobre sonhos e viagens espaciais.

Qual é a sensação de estares tão perto de ser o primeiro português a ir ao espaço?

É incrível. Nunca pensei chegar tão longe na competição. Inscrevi-me porque tenho uma grande paixão pelo espaço. No início pensei que era tanga: qual era a probabilidade de oferecerem bilhetes para o espaço, assim, à borla? Entretanto, quando vi no jornal que o astronauta Buzz Aldrin estava a dar a cara, pensei: deve ser a sério! E até agora está a correr bem. (risos) Quando fui à fase ao vivo fui com a mentalidade de quem quer fazer o seu melhor e quer ir até ao fim, mas queria mesmo era passar a primeira fase. Viajei de Bristol para Londres e se não conseguisse ficava mesmo chateado.

Mas um dos quatro concorrentes pelo Reino Unido vai de certeza…

Foi o que nos foi dito, mas há a possibilidade de haver mais um representante do Reino Unido. Vou consciente de que é só um. Vou dar o meu melhor.

O que esperas da estadia na Florida?

Vamos ficar lá cerca de uma semana, mas ainda não temos detalhes. Faremos uma série de testes físicos. E vamos ser também testados em equipa. No fundo, uma réplica do que os astronautas fazem para se prepararem na NASA e na ESA [Agência Espacial Europeia]. Não quero ir com expectativas muito altas, quero é aproveitar a experiência, é única. Só o facto de poder ir para a Florida e representar Portugal, bem como ser português e de conseguir um lugar através do Reino Unido, já acho que é qualquer coisa de muito bom e estou muito feliz.

O que pensas das acusações de discriminação sexual dirigidas à campanha?

Como é que os 22 vão voar?

Basicamente, vai um de cada vez, porque o avião que eles têm só dá para o piloto e um passageiro. Tenho andado a investigar, para ver se é seguro (risos). Na verdade é como se fosse um avião normal, comercial. Sai de um aeródromo, levanta voo mas depois fica a um ângulo muito inclinado, e assim sobe 105 ou 110kms – neste momento considera-se que a marca do espaço é 100kms. Ficamos lá cerca de cinco minutos em gravidade zero, o que é incrível. Não dá para ver a Terra como se estivesses na Lua, mas dá para ver uma grande parte, estás no espaço!

Que astronautas são uma referência para ti?

Alguém que eu admiro muito é o Chris Hadfield, o vídeo dele a fazer a “cover” da “Space Oddity” do Bowie, lá na estação, está incrível. Neil Armstrong e Buzz Aldrin, de certeza.

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