A orquestra mais improvável do mundo é feita de lixo

No Paraguai, um “lixeiro” e um músico local fabricaram instrumentos musicais feitos com materiais reciclados. Assim surgiu esta orquestra improvável

Foto
Landfill Harmonic

Num bairro de lata construído num aterro, em Cateura, no Paraguai, Nicolás Gómez, um cantoneiro, e Favio Chávez, um músico local, decidiram fabricar instrumentos com materiais reciclados. Desta ideia surgiu a orquestra do lixo.

De bidões de óleo fizeram violinos e violoncelos, com tubos de água e colheres fabricaram flautas e de caixas de embalagens fizeram guitarras. Graças a esta ideia, as crianças e adolescentes que compõem a orquestra poderam esscolher um novo futuro para as suas vidas, oportunidade que os pais não tiveram. 

Numa entrevista à "Fox News", Favio Chávez, 36 anos afirmou que Cateura não é um lugar "para ter violinos", porque "um violino custa mais do que as casas". A ideia do tornar o “lixo em música” mostra como os materiais reciclados podem ser transformados em instrumentos musicais, mas, mais importante do que isso, mostra a transformação da vida de quem vive na pobreza.

Foto
Oa instrumentos são feitos exclusivamente a partir do lixo Landfill Harmonic

A orquestra tornou-se num autêntico movimento que agora tem três objectivos a concretizar. O primeiro passa pela finalização do documentário “Landfill Harmonic”. O segundo prende-se com a criação da “Landfill Harmonic Social Movement”, um movimento que pretende iniciar novos capítulos em todo mundo. Por fim, pretendem ainda realizar The Recycled Orchestra World Tour, para chamar a atenção para o movimento.

Foto
Favio Chávez, de 36 anos, é o criador da Orquestra de Instrumentos Reciclados Landfill Harmonic

Para atingir estes objectivos, a orquestra decidiu colocar o projecto numa plataforma de crowfunding Kickstarter. O projecto já consegiu angariar quase todo o dinheiro que pretendia (cerca de 140 000 euros) e nos próximos 16 dias ainda é possível ajudar.

Dificuldades financeiras

Em 2009, Alejandra Amarilla Nash e Juliana Penaranda-Loftus, ambas produtoras de filmes, começaram um extenso trabalho de pesquisa sobre crianças pobres no Paraguai. Foi nessa altura que descobriram a orquestra de Cateura e decidiram fazer um documentário sobre o projecto. O norte-americano Graham Townsley foi o realizador escolhido.

A realização do documentário, que começou em 2010, está a passar por dificuldades financeiras que uma produção independente costuma enfrentar. Contudo, esperam finalizar o filme até ao final de 2013. Tentando mostrar o poder transformador que a música pode ter no mundo, o filme conta a história de um grupo de crianças do bairro de lata de Cateura que toca instrumentos com a reciclagem do lixo.

Além disso, o documentário destaca ainda os temas da pobreza e da poluição de resíduos. Com o filme esperam consciencializar o público para a reciclagem, chamar à atenção para as condições sanitárias de Cateura, motivar os mais novos a serem criativos e engenhosos e incentivar outras organizações a dar oportunidades a crianças e jovens carenciados. 

Sugerir correcção
Comentar