Universidade Nova cria "Erasmus mediterrânico" com Marrocos

António Rendas adiantou que a universidade que dirige poderá contribuir oferecendo propinas gratuitas pelo semestre de permanência e facilitando o alojamento

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Rui Gaudêncio

A Universidade Nova de Lisboa assinou na terça-feira com o Ministério do Ensino Superior de Marrocos um convénio de cooperação com seis universidades do país, que deverá resultar num dicionário Árabe-Português e um programa Erasmus mediterrânico.

O convénio assinado na capital marroquina, Rabat, pelo reitor da Universidade Nova de Lisboa (UNL), António Rendas, e o ministro do Ensino Superior, Investigação Científica e Formação de Quadros, Lahcen Daoudi, e que contou com a colaboração da embaixadora marroquina em Lisboa, Karima Benyaich, cria relações entre a instituição portuguesa e seis universidades marroquinas em diversas áreas de estudo, que vão da Saúde e Biotecnologia à Ciência Política, Geografia e Planeamento do Território.

No âmbito deste convénio, enquadrado na estratégia de internacionalização da universidade portuguesa, foi também assinado um acordo específico que envolve a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL e o Instituto de Estudos Hispano-Lusos, o qual já tem em curso o desenvolvimento de um dicionário Árabe-Português, que deverá estar concluído dentro de dois anos. “Nesta primeira fase vamos avançar com o dicionário de Árabe-Português, mas numa segunda fase vamos avançar com o de Português-Árabe, e já há interlocutores dos dois lados”, adiantou o reitor da UNL.

Deste acordo entre universidades dos dois países resulta também a intenção de avançar já a partir do próximo ano lectivo com um programa Erasmus mediterrânico, restrito para já às instituições abrangidas pelo convénio, mas que António Rendas quer ver alargado a outros países do Magrebe. “Espero que a partir de Setembro já possa haver um número de estudantes que se candidatem e que depois possam fazer o seu semestre, e até mesmo uma formação para a aquisição de determinadas competências em simultâneo com oferta curricular das instituições da UNL”, declarou o reitor português.

O financiamento deste programa passará pela atribuição de bolsas por parte das instituições marroquinas, até porque a UNL não pretende que “esses estudantes venham sem nenhum apoio institucional”, e, do lado português, Rendas adiantou que a universidade que dirige poderá contribuir oferecendo propinas gratuitas pelo semestre de permanência e facilitando o alojamento. “Vamos ver se do ponto de vista de financiamento será possível, mas estou convencido que projectos bons conseguem ser financiados”, afirmou António Rendas, que sublinhou que este é “um desafio de qualidade, não de quantidade”.

“Isto tem que começar numa escala relativamente pequena, porque é preciso que haja financiamentos, mas pode constituir um modelo para o próximo programa europeu de 14-20”, disse o reitor, referindo-se ao próximo quadro comunitário de apoios, que poderá ser uma fonte de financiamento deste programa.

Rendas justificou a viragem de atenções para Marrocos e para o Magrebe por ser “uma tendência natural que Portugal sempre teve, mas que concretizou sempre pouco”, mesmo que esse interesse numa altura em que o território vive profundas transformações sociais e políticas. “Temos condições de nos aproximar e sobretudo porque temos projectos concretos que suscitaram o interesse por parte das universidades.

A fase seguinte vai ser um memorando que vai identificar outras áreas de colaboração”, disse o reitor da UNL, que defendeu ainda que estudantes e profissionais portugueses deviam olhar para Marrocos com outro interesse. “Independentemente das situações complexas que o Magrebe vive, acho que Marrocos pode ser olhado como muito atractivo, até para a viabilização de algumas carreiras profissionais”, concluiu.

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