“Sonha, Faz e Acontece”: ser voluntário em São Tomé

Associação de voluntariado e empreendedorismo social fundada por jovens portugueses dedica-se a melhorar a vida de crianças em São Tomé e Príncipe

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Movimento Missionário da Paróquia da Ramada

Foi em 2010 que um grupo de amigos decidiu levar mais longe a paixão pelo voluntariado e rumou à ilha do Príncipe, em São Tomé e Príncipe, para ajudar crianças que se encontravam em situações de fragilidade extrema. Dois anos depois oficializaram a missão e fundaram uma associação com fins solidários: a “Sonha, Faz e Acontece” (SFA).

“Começou tudo por acaso”, refere Miguel Ventura, um dos fundadores da SFA, ao P3. Foi através de um primeiro contacto com a paróquia de Ramada, no concelho de Odivelas, que os jovens ficaram a conhecer a realidade das populações desfavorecidas naquele país africano. “Detectámos uma série de problemas e necessidades e percebemos que podíamos ajudar aquelas pessoas”.

O principal enfoque e, consequentemente, preocupação desta associação sem fins lucrativos é na área da educação. Naquele primeiro ano já haviam realizado um campo de férias (para mais de 100 crianças), ministraram "workshops" e reabilitaram salas de aula, tudo com capitais próprios.

O objectivo desta equipa com idades entre os 22 e os 30 anos é “transmitir valores” às crianças. E a recompensa — para além dos muitos sorrisos que o entrevistado garante que são “uns dos mais bonitos que já viu” — é conseguirem “passar uma mensagem” que por muito insignificante que lhes possa parecer, acaba por fazer “toda a diferença na vida das crianças”, frisa Miguel Ventura.

Sem qualquer previsão de quando poderão terminar todo o percurso que iniciaram no Príncipe, Miguel, de 25 anos, revela que o próximo passo é expandirem a ajuda aos restantes PALOP.

Apoiar são-tomenses em Portugal 

Mas a “Sonha, Faz e Acontece” também presta ajuda aos são-tomenses que chegam a Portugal. Nos casos mais recorrentes, estes jovens entre os 17 e os 23 anos vêm com bolsa de estudos que acaba por lhes ser retirada deixando-os numa situação bastante vulnerável. 

Outros não têm na escola ou na faculdade o aproveitamento desejado, acabando por precisar de um tutor para “não se perderem” e enveredarem por condutas de marginalidade. Nestas situações, os cerca de 20 associados da SFA — formados em áreas tão distintas quanto Direito, Gestão, Economia ou Acção Social — encontram uma solução “quase personalizada” para cada um dos imigrantes, tornando-lhes a vida mais simples.

"Ajudamos a tratar da burocracia, por exemplo, e procuramos acompanhá-los o mais possível" até que encontrem o seu caminho, explica Miguel.

Como tornar-se voluntário da SFA

A SFA tem vindo a crescer, sobretudo no que respeita ao número de voluntários dispostos a colaborar e, pontualmente, conta com a ajuda financeira de algumas entidades.

Os que quiserem integrar a equipa são bem-vindos. Pré-requisitos? “Basta ter vontade”, responde Miguel. O resto vem por acréscimo.

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