Ordem dos Arquitectos dá prémios a relatos de estágios

Até 15 de Abril, a Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos recebe histórias sobre este período. As melhores ganham prémios — uma forma simbólica de "reflectir" e "debater"

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Histórias podem ser enviadas até 15 de Abril Paulo Pimenta

Porque é um “período marcante” na vida de todos os profissionais, a Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos (OA) quer dar uma nova visibilidade ao estágio de acesso à Ordem. Como? Uma possível resposta é o Prémio Estágios em Portugal e no Mundo, a decorrer desde 15 de Fevereiro, que vai distinguir as melhores histórias sobre esta fase da vida.

É uma forma de a Ordem dos Arquitectos conhecer melhor a realidade, conta Luís Pereira Miguel, da OA, um dos responsáveis pelo projecto, ele próprio jovem arquitecto. É também uma aproximação a uma nova visão da Arquitectura, “cada vez mais uma forma de partilha do que concepção”. “Hoje em dia, não existe espaço para os arquitectos trabalharem como trabalhavam. A actividade passou a estar muito ligada à divulgação, à crítica, à escrita, a concursos de ideias”, retrata Luís. “Reflectir” e “debater” são pontos de ordem, não só entre arquitectos, mas também com o público em geral.

Nesta “montra de ideias e histórias” podem participar todos os “membros efectivos” que tenham concluído o estágio desde 2006. Até 15 de Abril, podem enviar a sua história em prosa, poesia, BD, ou outro registo — “até podem deixar em branco, se for esse o ‘statement’”. As cinco melhores propostas ganham um prémio monetário de 500 euros e serão impressas num caderno especial, semelhante a um “moleskine”. Haverá ainda uma conferência de apresentação (“quem tiver críticas, a melhor forma de as fazer é publicamente”) e uma exposição de uma selecção mais alargada de trabalhos na galeria da OA. [Regulamento em pdf]

Não há trabalho, nem "para aquecer"

A ideia base é fazer sobressair “aspectos positivos”, mas Luís Pereira Miguel tem consciência que, tendo em conta as críticas de que os estágios de acesso à OA são muitas vezes alvo, podem surgir relatos mais delatórios. “Nós queremos as boas e as más histórias. Têm esta oportunidade de fazer publicamente. Não queremos histórias banais ou cor-de-rosa. Reflectir é um dos objectivos mais importantes.” A verdade, diz, é que a própria OA não tem “poder de acção” legislativo para combater a “exploração” nos estágios. “Têm sido feitos alguns melhoramentos em relação a isso [decreto-lei n.º 66/2011], mas ainda há muito para fazer. É uma situação calamitosa e trabalhamos para fazer o melhor possível.”

A Arquitectura e os jovens arquitectos são vítimas em duplicado — “Quando me formei, ainda havia trabalho. Trabalhávamos sem remuneração, mas tínhamos trabalho. Agora, nem as gerações acima de o têm. Nem trabalhando para aquecer, existe trabalho.” Solução? “Encontrar maneiras para os arquitectos serem mais pró-activos e encontrarem formas de desenvolver a profissão noutras áreas.” O primeiro relato [do próprio Luís] já lá está.

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