Politécnicos: mais de meio milhar de estudantes já anularam as matrículas

Quase 700 estudantes de seis institutos politécnicos anularam este ano a matrícula. Além dos casos de desilusão com o curso, há quem abandone o ensino superior por razões financeiras e quem opte por emigrar antes de terminar os estudos

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Há quem decida ir trabalhar para o estrangeiro e quem não consiga pagar as despesas UGL_UIUC/Flickr

Desde o início do ano lectivo, suspenderam a matrícula 678 alunos dos Politécnicos do Porto, Lisboa, Coimbra, Leiria, Castelo Branco e Bragança. Comparando com o ano passado, até agora houve menos 98 desistências, mas ainda deverão aparecer mais casos.

No Instituto Politécnico do Porto, o maior do país, 266 estudantes cancelaram até agora a sua matrícula (menos 32 do que no ano passado). A vice-presidente da instituição, Delminda Lopes, chama a atenção para o facto de não se poder associar anulações com desistências, já que “a maioria dos estudantes que abandona os estudos não informa formalmente os serviços”. Entre os que avisam que vão abandonar a escola, muitos dizem que o curso não corresponde às expectativas ou que o horário de trabalho é incompatível com as aulas. Mas também há quem decida ir trabalhar para o estrangeiro e quem deixe de estudar porque não consegue pagar as despesas.

Também no Politécnico de Coimbra, 23 alunos deixaram este ano os estudos por questões financeiras. Outros 34 estudantes apontaram questões familiares ou pessoais e outros dois decidiram emigrar antes de terminar o curso. Mas nem todos deixam de estudar: cinco estudantes decidiram apenas mudar de curso. No total, este ano já suspenderam a matrícula 132 alunos do Politécnico de Coimbra, que no ano passado registou 171 anulações.

Em Bragança, “embora se registem casos de dificuldade financeira junto dos Serviços de Acção Social, o Instituto não tem registado um aumento anormal nos últimos anos. Nos últimos quatro anos lectivos, a percentagem de estudantes que solicitaram anulação da sua inscrição foi inferior a 1,5%”, explicou à Lusa o vice-presidente da instituição, Luís Pais. Até ao final de Dezembro de 2012, 96 alunos anularam as matrículas. No ano passado, em período homólogo, os serviços receberam 90 anulações.

"Nós estamos preocupados"

No Politécnico de Castelo Branco, 69 estudantes anularam já a matrícula referente a 2012/2013. As razões repetem-se, havendo também aqui referências a casos de alunos que abandonam os estudos para ir para o estrangeiro. Em Leiria, outros 61 alunos deixaram de estudar este ano.

“Apenas 1,2% dos estudantes que não se matricularam disseram que não o iam fazer por dificuldades económicas. Os restantes apontaram razões como mudar de cidade, de curso, de instituição ou desistir de estudar”, contou o presidente da instituição, José Manuel Silva. “Nós estamos preocupados. Temos programas para alunos com dificuldades e tudo faremos para que ninguém deixe de estudar por razões económicas. No entanto, os programas não conseguem tudo”, lamentou o presidente da instituição de Leiria, lembrando que no ano passado houve menos 20 anulações de matrículas.

Em seis das oito escolas do Politécnico de Lisboa já suspenderam a matrícula 54 alunos. A vice-presidente do instituto, Ana Perdigão, acredita que até ao Verão o número deverá igualar as 110 anulações registadas no ano passado nas oito escolas. Aqui, as justificações apresentadas também não diferem das outras instituições: As dificuldades económicas voltam a estar entre as principais razões. Segundo Ana Perdigão, dos nove pedidos de anulação de matrícula apresentados por bolseiros este ano, “um invocou o facto de a bolsa atribuída se revelar insuficiente face à sua situação económica”.

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