Por respeito ao público, as figuras de “Django Libertado” vão deixar de estar à venda

A polémica criada por organizações de direitos civis, que consideravam que as figuras de acção ofendiam os escravos afro-americanos, levou os produtores do filme a ordenar a sua retirada do mercado

Foto
As figuras de acção criadas para coleccionadores com mais de 17 anos

A decisão da The Weinstein Company, a produtora de "Django Libertado", faz com que este seja o único filme de Tarantino a ficar sem as figuras de acção que costumam promovê-lo e fazer as delícias dos coleccionadores.

“Temos um enorme respeito pelo público e nunca foi nossa intenção ofender alguém”, disse a produtora num comunicado citado pela Reuters.

As seis figuras com cerca de 20 centímetros de altura, produzidas  pela National Entertainment Collectibles Association (NECA), representam personagens como o escravo Django, interpretado por Jamie Foxx, ou Dr. Schulz (Christoph Waltz), o médico branco que o acompanha quando este se torna um caçador de recompensas no Mississippi.

Depois de colocadas à venda no site da Amazon, as figuras despertaram críticas tanto por parte de utilizadores na Internet como por organizações de direitos civis que apelaram ao seu boicote. Os activistas negros argumentaram que os bonecos “banalizam os horrores da escravatura” e consideraram-nos “ofensivos para os seus antepassados e para a comunidade afro-americana”. Apesar de as figuras terem sido criadas para maiores de 17 anos, as organizações alertaram que estas atraiam crianças mais novas que poderiam passar a “utilizá-las para o seu entretenimento, para fazer troça da escravatura”.

Ainda assim, não se mostraram perturbadas com a própria representação da escravatura no filme de Tarantino nem como o uso da palavra “nigger”. A indignação Spike Lee ultrapassou a questão das vendas das figuras e fez com que o realizador de Malcom X se recusasse a ver "Django Libertado". “A escravatura americana não foi um 'western spaghetti' de Sergio Leone. Foi um Holocausto. Os meus antepassados são escravos. Roubados de África. Vou honrá-los”, escreveu no Twitter.

Apesar de toda a polémica em torno de "Django Libertado", o filme de Quentin Tarantino foi nomeado para cinco Óscares, incluindo o de Melhor Filme.

Sugerir correcção
Comentar