Austeridade: está-se a ver que o país aguenta, não é?

Não se paga uma dívida em contração económica atrás de contração económica, para mais acompanhada de uma austeridade violenta que reduz um país à pobreza

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Nelson Garrido

As previsões do Banco de Portugal não podem ser sujeitas a batota. Não há ali "coisas boas e coisas más". Não.

As previsões são a confirmação, mais uma vez, do erro das previsões do Governo: o mesmo é dizer, do erro da insistência do Governo num fanatismo patológico no que toca à sua receita rumo à derrota final.

Grave é que a este ritmo a derrota é nossa, é de quem perde o local de trabalho, é de quem perde direitos sociais, é de quem é esquecido pelo Estado no momento de receber o devido após uma vida de descontos, é de empresas e empresas a falirem e, por isso, a entrarem no número da "recessão" e do desemprego, é de quem não pode pagar impostos que matam num afogamento um hipótese de vida, é dos jovens que desistem deste bocado de terra tornado apertado de mais para eles, é dos pobres, é da classe média, é de Portugal.

"As atuais projeções apontam para uma contração de 1.9 por cento da atividade económica em 2013, após uma queda estimada de 3.0 por cento em 2012. 

Esta evolução implica uma redução acumulada do produto interno bruto de 7.4 por cento durante o período recessivo de 2009-2013", refere o Banco de Portugal. Isto significa que o Governo, tal como no ano passado, atirou-se a medidas de austeridade acompanhadas de uma previsão otimista de crescimento económico.

Este ano, dobrou a austeridade e dobrou o erro na previsão. Basta este exemplo para demonstrar a irracionalidade a que estamos sujeitos.

Não se paga uma dívida em contração económica atrás de contração económica, para mais acompanhada de uma austeridade violenta que reduz um país à pobreza. Mas aqui estamos. A ler isto. E estamos em Janeiro.

Nada como cortar 4 mil milhões de Euros na Saúde, na Educação e na Segurança Social. Está-se a ver que o país aguenta, não é?

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