A Procuradoria Geral da República do Brasil denunciou ao Supremo Tribunal Federal a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores, os ex-ministros Paulo Bernardo Silva e António Palocci, o ex-Presidente Lula da Silva, e o empresário Marcelo Odebrecht por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

A denúncia foi enviada à Lava-Jato. Segundo a denúncia apresentada na noite de segunda-feira, os crimes começaram em 2010, quando a Construtora Odebrecht prometeu ao então Presidente Lula a doação de 40 milhões de dólares (33 milhões de euros) em troca de decisões políticas que a beneficiassem. 

As investigações indicam que o dinheiro ficou à disposição do Partido dos Trabalhadores e terá sido utilizado na campanha de Gleisi Hoffmann ao Governo do Paraná em 2014. 

A 7 de Abril, o ex-Presidente brasileiro começou a cumprir uma pena de 12 anos e um mês por corrupção e branqueamento de capitais, em Curitiba, na sequência da ordem judicial pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável por julgar os casos no âmbito da operação Lava-Jato, que investiga crimes de corrupção em empresas brasileiras, nomeadamente a petrolífera Petrobras.

A denúncia está baseada nas delações do executivos da Odebrecht e a procuradoria diz ter “documentos apreendidos por ordem judicial, como planilhas e mensagens, além do afastamento de sigilos telefónicos e outras diligências policiais” que sustentam as acusações.

Como contrapartida aos subornos, os acusados teriam promovido o aumento da linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a Angola, por meio da assinatura, em Junho de 2010, de um protocolo entre os dois países. O termo seria referendado pelo Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior, que tinha Paulo Bernardo, marido de Gleisi Hoffmann, entre os integrantes. Como resultado, a Odebrecht receberia do Governo angolano — que teve um aumento no limite de crédito — parte dos valores conseguidos com financiamentos do BNDES.

Lula da Silva, que foi Presidente do Brasil entre 2003 e 2011), é o primeiro ex-chefe de Estado condenado por um crime comum. Está a cumprir 12 anos e um mês de pena desde Abril, depois de ter sido condenado por corrupção noutro caso em que era acusado de ter recebido subornos de uma construtora na forma de um apartamento.