Santos Silva garante que PS quer renovar “geringonça”, mesmo que não o diga

Número dois do executivo defende que a renovação da fórmula governativa passa pelo “reforço da influência” dos socialistas, mas recomenda que não se peça maioria absoluta.

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Augusto Santos Silva recomenda que o PS não peça maioria absoluta Sebastião Almeida

Augusto Santos Silva garante que o PS quer continuar a fórmula legislativa actual na próxima legislatura, com o apoio do BE e do PCP, mesmo que a moção de António Costa ao congresso, apresentada na semana passada, nada diga sobre a política de alianças para 2019 nem se refira em nenhum momento aos partidos que apoiam o Governo.

"Queremos continuar a governar, merecemos a renovação da confiança da parte do eleitorado e queremos renovar a fórmula da governação", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros à TSF nesta segunda-feira de manhã, em entrevista a propósito do Dia da Língua Portuguesa.

Para o dirigente socialista, o acordo à esquerda foi revolucionário “porque acabou com um dos tabus mais persistentes da democracia portuguesa” segundo o qual apenas o PS, o PSD e o CDS faziam parte do chamado arco da governação.

“Do nosso ponto de vista, esta fórmula foi boa, a solução política é estável, houve ganhos para todos, sobretudo, para as portuguesas e os portugueses, e portanto queremos renovar essa fórmula”, disse Augusto Santos Silva, justificando o facto de considerar que o mandato deve ser renovado.

No entanto, defende que essa renovação deve passar por um reforço da votação do PS e sustenta que as eleições é que vão decidir o futuro governo. “Entendemos que a renovação da confiança depositada no PS e a renovação da actual fórmula política passa naturalmente pelo reforço da influência social e política do Partido Socialista”, disse.

Questionado sobre se o PS deve pedir maioria absoluta nas próximas eleições, Augusto Santos Silva respondeu: "O PS definirá o que quer dizer. Na minha opinião, não precisa nem é desejável".

As declarações deste dirigente socialista e número dois do Governo são feitas dias depois da apresentação da moção de António Costa ao congresso do PS, na qual não há qualquer referência à política de alianças para as próximas eleições legislativas, no Outono de 2019. No domingo à noite, no seu espaço de comentário político na SIC, Marques Mendes apontou essa omissão: “[O PS] vai fazer tudo para ter uma maioria absoluta, mas se não tiver também não abre o jogo: não diz se faz um bloco central ou uma nova geringonça, e não o diz porque não quer perder um voto nem à esquerda, nem ao centro, nem à direita”, afirma.

O antigo líder do PSD sublinhou ainda o facto de a moção não ter uma palavra em relação ao BE e ao PCP, quando na moção anterior, há dois anos – já em plena governação – havia “mais de 20 referências” aos dois partidos. “É António Costa a ser igual a si próprio: muito pragmático nas atitudes, mas agnóstico nos sentimentos e valores”, criticou.

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