Arquitectos criam estruturas modulares para ecoturismo

LandCork é feito em madeira e cortiça e pretende ser uma solução para estruturas de praia, montanha ou parques naturais em áreas como a restauração, desporto, postos de informação ou alojamento

Foi quando preparavam uma solução para um concurso de estruturas de apoio a actividades de surf, em 2011, que deram de caras com uma lacuna do mercado: “Percebemos, a dada altura, que não havia nada para turismo de natureza.”

Foi aí que o LandCork (o nome veio depois) começou a surgir nas cabeças de ?Ricardo Paulino, Fábio Neves, Ivone Gonçalves e Luís Ricardo, os quatro jovens arquitectos que formam o colectivo Forstudio Arquitectos.

Este sistema de “estruturas ecomodulares, versáteis e sustentáveis”, pensado essencialmente para ecoturismo, pretende ser uma solução para estruturas de praia, montanha ou parques naturais em áreas como a restauração, desporto, postos de informação ou alojamento.

Os módulos – cada um com 36 metros quadrados – são “90% feitos em madeira e cortiça”, matérias-primas nacionais, amigas do ambiente e com bom comportamento térmico e acústico. “Estamos a actuar em paisagens protegidas. Por exemplo, se o mar levar uma estrutura num bar de praia estamos a devolver à natureza quase 100% de matéria sem pegada”, explicou ao P3 o arquitecto Ricardo Paulino.

Parceria com a Universidade do Algarve

O colectivo de arquitectos está neste momento a trabalhar em parceria com a Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia (CRIA) da Universidade do Algarve (UAlg) no "desenvolvimento do modelo de negócio". 

Além disso, a UAlg vai apoiar o Forstudio no “desenvolvimento dos sistemas de energias renováveis a implementar na estrutura”, contou Ricardo Paulino. O objectivo é que as estruturas sejam “autónomas energeticamente”, com a utilização da água da chuva e pelo uso de energias solar e eólica.

Cada modulo - pré-fabricado e montados da forma que o cliente entender - deverá ter um preço de 30 mil euros e o colectivo quer “implementar a estrutura piloto no Verão de 2013”, revelou o jovem arquitecto. 

O ForStudio surgiu em 2010, resultado do "percurso natural" de quem partilhou salas de aula na Universidade Lusíada (Ricardo, Fábio e Ivone) e de um encontro feliz com um outro arquitecto (Luís), da Universidade do Porto, já durante o percurso profissional.

Ao colectivo chamam-lhe o "complemento", porque todos têm um outro emprego, também como arquitectos, em ateliês diferentes. E nem mesmo a distância - Fábio Neves está em Genebra, Luís Ricardo em Estugarda e Ricardo Paulino e Ivone Gonçalves em Lisboa - os impede de apostar neste projecto: o "network" já é um modo de vida para todos. 

A postura "mais proactiva" dos jovens arquitectos já lhes valeu o reconhecimento do Prémio Nacional das Indústrias Criativas (esteve entre os 10 finalistas) e do concurso Arrisca C, promovido pela Universidade de Coimbra (está entre os finalistas).

E esta veia empreendedora deve fazer, cada vez mais, parte das funções de um arquitecto, acredita Ricardo Paulino: “Na fase actual, temos de procurar, como projectistas, soluções que façam falta. Não podemos ficar sentados à espera de saber o que faz falta.”

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