Guimarães 2012: associações cresceram, uniram-se e querem continuar a ter voz

Guimarães 2012 potenciou o trabalho já se fazia e elevou o patamar da qualidade. As associações culturais mais expressivas da cidade esperam que agora não sejam vetadas "a um canto"

O movimento associativo vimaranense reconhece que a Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012 dotou as associações de competências, estimulando o trabalho em rede, e reclamam um lugar na programação dos novos espaços culturais para perpetuar o legado do evento. As associações culturais de Guimarães foram sempre referidas como um dos pilares de Guimarães 2012, mas, ainda antes do início do evento, entraram em ruptura com a Fundação Cidade de Guimarães, queixando-se de que não estavam a ser ouvidas e que estavam a ser menosprezadas.

Em declarações à Lusa, e depois de mudança na liderança de Guimarães 2012, os responsáveis por três das associações culturais mais expressivas na cidade, Cineclube, Convívio e Círculo de Arte e Recreio (CAR), consideraram que Guimarães 2012 potenciou o trabalho que já se fazia e elevou o patamar de qualidade. Para a presidente do Convívio, Isabel Machado, um dos rostos das críticas à forma como o movimento associativo estava a ser tratado pela liderança de Cristina Azevedo, “é evidente o salto qualitativo que as associações vimaranenses deram na forma de pensar e fazer as coisas”.

No mesmo sentido, o actual responsável pelo CAR, associação que lidera o programa que envolve o movimento associativo Tempos Cruzados, Jorge Cristino, considerou que as associações “cresceram e foram dotadas de competências e capacidades para concorrer a candidaturas com fundos europeus que antes de Guimarães 2012 não teriam”. O presidente do Cineclube de Guimarães, Carlos Mesquita, apontou a “visibilidade” que a Capital Europeia da Cultura (CEC) proporcionou: “Mostrámos o que de melhor fazíamos e foi visto por muito mais público do que era antes de Guimarães 2012”, disse.

"Perpetuar o legado" de Guimarães 2012

Um dos pontos apontados por os três dirigentes foi o trabalho “em rede” entre as várias associações que a CEC originou e potenciou. “Permitiu a aproximação de associações que não a tinham. Criou-se uma estrutura de trabalho que não existia e isso é muito positivo”, realçou Cristino. Também Isabel Machado salientou o trabalho em parceria: “Conseguiu-se manter a singularidade de cada associação, mas o trabalho em conjunto fez, sem dúvida, com que as estruturas locais saíssem deste processo reforçadas”.

Apesar dos “pontos positivos” do ano de 2012, as três associações esperam que depois da CEC não sejam vetadas “a um canto” e asseguram ter “capacidade para perpetuar o legado” de Guimarães 2012. “Queremos e devemos ter um lugar no aproveitamento e programação das novas estruturas culturais. Devemos fazer parte dessa discussão”, reforçou Isabel Machado. Com a mesma reivindicação em pano de fundo, Jorge Cristino deixou uma garantia: “O movimento associativo está preparado para dar essa resposta quando, e se, for chamado”.

Uma das vertentes do programa associativo Tempos Cruzados, a iniciativa Constelações, vai “assegurar” a programação cultural pós-CEC em 2013. “Estamos preparados para dar continuidade a uma programação de qualidade. Projectos, ideias, vontade e empenho já nós tínhamos e agora temos ainda mais”, finalizou Isabel Machado.

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