Cartas, movimentos e petições contra o fim do Erasmus

Durão Barroso alertou "os líderes da UE". "Escutem a voz dos estudantes Erasmus que querem a melhor das educações", escreveu no Twitter o presidente da Comissão Europeia

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Susana Vera/Reuters

O programa Erasmus é considerado um dos maiores sucessos da União Europeia, mas desde Outubro deste ano que se conhece que a falta de verbas da UE pode colocar o programa em risco.

Cidadãos de todas as nacionalidades já se uniram para manter o Erasmus de pé. No ano em que o Erasmus comemora o 25.º aniversário, a União Europeia revela que o programa sofreu uma "derrapagem orçamental", pondo assim em causa a sua continuidade.

Em Outubro, o comunicado da Comissão Europeia referia a necessidade de "tapar o buraco" financeiro e falava do perigo de serem reduzidos os locais de destino — ou as vagas para os mesmos — e os valores das bolsas atribuídas aos estudantes: podem ser "drasticamente reduzidas devido às disputas em torno dos orçamentos da UE para 2012 e 2013", alertaram.

Poucos meses antes, Androulla Vassiliou, a Comissária Europeia com o pelouro da Educação e Juventude, descrevia o programa de intercâmbio como "uma das maiores histórias de sucesso da União Europeia", e garantia: "Nestes tempos difíceis, as competências adquiridas através dos estudos e estágios Erasmus são mais valiosas do que nunca".

Por isso mesmo, as respostas à situação do Erasmus não tardaram.

Uma das primeiras iniciativas foi uma carta aberta aos chefes de Estado e de Governo da União Europeia, assinada por mais de 100 personalidades europeias, de áreas tão diferentes como a economia, a arte, a literatura ou o desporto. Vasco Graça Moura, Pedro Almodóvar, Sandro Rossel são apenas algumas delas.

A carta relembra que os cortes no programa "não poderiam vir em pior altura para os jovens europeus" e que se os compromissos já assumidos pela UE não forem cumpridos, "milhares de estudantes poderão ser privados de uma experiência que lhes pode mudar a vida", lê-se.

Pede ainda que o investimento na educação e na formação ocupe um lugar central na resposta da Europa à crise e chama atenção ao novo programa "Erasmus para Todos", cujo lançamento está previsto para 2014 e que pretende aumentar as oportunidades de empregabilidade dos jovens. Mas a tentativa de alertar a Europa não se ficou por aqui.

Estudantes e professores também puseram mãos à obra e são muitas as petições e movimentos que actualmente tentam unir as comunidades escolares de todo o mundo. O grupo "European Citizens Initiative Fraternité 2020" (F2020) criou a petição "Help The Erasmus Programe!!!", que tem como objectivo recolher 1 milhão de assinaturas, para chamar a atenção da União Europeia.

O grupo apoia os programas de intercâmbio, "a fim de contribuir para uma Europa unida baseada na solidariedade entre os cidadãos" e tem o apoio de vários académicos de renome em toda a Europa e várias ONG. No Facebook, mais de 70 mil pessoas já se uniram ao evento.

Durão Barroso já aderiu

Também o Partido Federalista Europeu se uniu à luta, com uma campanha que quer "unir a Europa para salvar o Erasmus".

Da campanha resultou o grupo de acção #SaveErasmus, que leva a cabo acções no Twitter para chamar atenção ao problema. E até Durão Barroso aderiu: com a hashtag devida, o presidente da Comissão Europeia alertou "os líderes da UE". "Escutem a voz dos estudantes Erasmus que querem a melhor das educações", escreveu.

Mas os estudantes são quem mais tem debatido a questão e não baixam os braços. Jorge Rego é aluno da Universidade da Corunha e já fez Erasmus na Áustria. Assim que ouviu dizer que o programa estava em risco, criou a petição "EU countries: Save the Erasmus Program!".

"Deixar os jovens de todo o Continente continuar a estudar, aprender línguas, compartilhar, viver e desfrutar de experiências inesquecíveis cabe-vos a vocês", escreve. Um mês e meio depois, já reuniu mais de 25 mil assinaturas.

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