Violência sobre as mulheres: "Até que a morte nos separe"?

Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres assinalado com números negros

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Mais de 76 mil mulheres vítimas de violência recorreram à APAV entre 2000 e 2011 tendo sido feitas este ano, até Setembro, 20.125 denúncias às autoridades policiais.

É com estas cifras negras como pano de fundo que o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres é assinalado com várias iniciativas. Para assinalar a data, no dia 25, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) vai lançar uma campanha de sensibilização sobre violência contra mulheres.

A campanha inclui dois retratos de mulheres vítimas de violência doméstica que apresentam marcas de vitimação. "Estas mulheres estão vestidas de noiva, segurando ramos de flores e ostentam um anel de noivado e aliança de casamento. Acompanha-as a frase 'Até que a morte nos separe', que remete para a existência de um crescente número de mulheres vítimas de violência doméstica que são assassinadas pelos seus maridos ou companheiros conjugais", explica a associação em comunicado.

Segundo as estatísticas da APAV, entre 2000 e 2011, 76.582 vítimas recorreram à associação, tendo-se registado o maior número de vítimas em 2002, com 7.543 casos. Ao longo destes onze anos, as mulheres têm vindo a representar a maior percentagem de vítimas, atingindo o valor máximo em 2002, com 6.958 casos. No total das 76.582 vítimas, 68.751 eram mulheres, ou seja, 89,7%. Já em relação ao autor do crime, maioritariamente são homens em todos os anos em análise, contabilizando-se um total de 68.770 homens como autores do crime para os 76.582 casos reportados de violência doméstica, o que corresponde a 89,8% dos casos.

Entre vítima e agressor, a maioria (39.352 casos) tem uma relação conjugal.

Para além da campanha da APAV, a Comissão para a Igualdade de Género (CIG) apresenta hoje a campanha nacional de sensibilização contra a violência doméstica, com a presença do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas.

A "Rede 8 de Março" promove, por seu lado, o fim de semana pelo fim da violência doméstica contra as mulheres, que termina com a realização da II Marcha no dia 25, com ponto de encontro no Largo Camões, em Lisboa, às 15h00, seguindo depois para o Largo do Martim Moniz. No final da marcha será lido um manifesto e depois terá lugar um espetáculo com Orchidaceae, a companhia de teatro O Bando e a 'dj' Soulflow.

No dia 24 serão apresentados os mais recentes dados estatísticos do Observatório das Mulheres Assassinadas, às 11h00, no jardim frente à Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. Neste dia haverá também teatro de rua e um workshop de defesa pessoal, às 18h00, no espaço cultural da Associação MOB, no Bairro Alto, para além de um espetáculo contra a violência, no qual participa a cantora Rita Redshoes.

Os dados mais recentes da Direcção-Geral da Administração Interna mostram um decréscimo de 7,2% no número de denúncias feitas às autoridades policiais entre 2010 e 2011, registando-se o ano passado um total de 28.980 participações divididas entre 11.485 denúncias feitas à GNR e 17.495 feitas à PSP.

A tendência de decréscimo mantém-se nos primeiros nove meses de 2012, havendo uma quebra no número de ocorrências de 10,9% relativamente ao mesmo período do ano passado, registando-se até final de Setembro 20.125 denúncias. Tendência verificada igualmente junto da APAV que registou entre 2010 e 2011 um decréscimo no número de pedidos de ajuda feitos à associação, passando de 6.920 casos em 2010 para 6.737 em 2011.

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