"O Espelho", jornal de parede em Lisboa para receber Merkel

“O Espelho é uma única folha muito grande, versão jornal de parede século XIX", e reúne jornalistas, artistas plásticos, arquitectos, fotógrafos, uns empregados e outros desempregados

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O jornal de parede “O Espelho” foi colado na madruga desta segunda-feira à noite nas paredes de Lisboa com textos sobre a Europa, a crise e Angela Merkel no dia em que a chanceler visita Lisboa.

O Espelho é uma única folha muito grande, versão jornal de parede século XIX, é uma tentativa que serve para provar que a verdade, numa altura de Armagedão para a Comunicação Social, não precisa nem de grupos económicos nem de ministros à ´la Miguel Relvas’ e que se pode usar energias para participar, em nome da verdade”, disse à Lusa o jornalista Luís Gouveia Monteiro que assina um dos artigos do primeiro número do jornal.

O Espelho foi pensado no princípio do verão de 2012 e reúne jornalistas, artistas plásticos, arquitectos, gráficos, fotógrafos, uns empregados e outros desempregados, e que começou como um panfleto distribuído em manifestações na capital. Para este primeiro número, O Espelho publicou dois mil exemplares que estão a ser colados nas paredes de vários pontos da capital e que vão ser distribuídos a partir das 13h00 no Largo do Calvário, Lisboa, local de onde parte em direcção ao Palácio de Belém, uma das manifestações de protesto contra a visita da chanceler alemã Angela Merkel.

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“O primeiro número tem um editorial não assinado porque é subscrito por todos, e inclui dois textos sobre o futuro de Portugal: um assinado por Paulo Varela Gomes que sugere a queda dos regimes dos países do Mediterrâneo, saída da Europa e do Euro e defende que os países do sul europeu se devem juntar ao Magreb e outro texto de Joana Gomes Cardoso que ainda deposita confiança na Europa”, explicou Luís Gouveia Monteiro que escreveu o perfil de um jovem de 19 anos com o título “Miguel, o futuro da Europa”.

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Um projecto de comunicação

O jornal publica ainda um longo ensaio sobre a crise, a ética e os valores assinado pela escritora Dulce Maria Cardoso e ainda um outro texto, de João Pacheco, sobre hábitos alimentares, entre outros.

De acordo com Luís Gouveia Monteiro O Espelho é um “projecto de comunicação” que pretende contrariar a ideia de que não se pode enfrentar o século XXI com ideias do século XX.

“São inaceitáveis estas ideias feitas de austeridade versus crescimento, papel versus Internet e recusamos a falta de profundidade que existe hoje em dia na imprensa portuguesa”, afirmou. “Neste momento com jornalistas a serem despedidos às centenas, há jornalistas que são despedidos de manhã e que estão a bater à porta de O Espelho da parte da tarde” diz Gouveia Monteiro que não rejeita a ideia de que o jornal de parede pode transformar-se num projeto sólido e com financiamento e que “possa um dia gerar empregos”.

“Por enquanto fizemos uma coleta, cada um contribuiu com 10 euros e imprimimos dois mil exemplares, por enquanto não assumimos qualquer periodicidade e se não houver dinheiro vamos escrever directamente nas paredes, sempre que houver verdades para contar e ideias para debater” concluiu um dos fundadores do jornal que sai hoje à noite colado nas paredes de Lisboa.

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