Jacinto-de-água cada vez mais perto de Alqueva

Milhares de toneladas desta infestante foram levadas pela forte corrente do rio até serem de novo travadas pelas barreiras colocadas no rio

Foto
O aumento do caudal do Guadiana agrava o risco de proliferação

A forte pluviosidade que nos últimos dias se abateu sobre a bacia hidrográfica do Guadiana em território espanhol, provocou a ruptura nas barreiras de protecção (redes) que foram colocadas na linha de água para impedir a proliferação de uma espécie infestante: o jacinto-de-água.

José Martínez, director técnico na Confederação Hidrográfica do Guadiana (CHG), entidade que está a realizar a extracção da planta do lado espanhol, admite que grandes fragmentos de jacinto-de-água "podem ter chegado" à localidade extremenha de Lóbon, no município de Montijo, localizada a cerca de três dezenas de quilómetros da fronteira portuguesa e da albufeira do Alqueva. Antes deste incidente, a planta encontrava-se retida na zona de Mérida localizada a cerca de 60 quilómetros do território português. 

Milhares de toneladas desta infestante foram levadas pela forte corrente do rio até serem de novo travadas pelas barreiras colocadas no rio. O técnico da CHG garante que foi travada a sua deslocação, evitando que entrasse nos canais de rega que alimentam blocos de regadio na região. Se tal vier a acontecer, será um desastre ambiental de "consequências graves", afrimou. 

O mesmo poderá acontecer se fragmentos da planta entrarem na albufeira do Alqueva. O jacinto-de-água quando dispõe de condições ambientais favoráveis para o seu crescimento - temperatura acima dos 25 graus, forte luminosidade, águas paradas e ricas em nutrientes, - reproduz-se de uma incontrolável em poucos dias. As consequências imediatas reflectem-se na morte da fauna e flora subaquática. 

A gravidade da situação vai obrigar a CHG a pedir ao Governo espanhol um apoio de 1,8 milhões de euros para intensificar e reforçar a recolha do jacinto-de-água que cobre extensas áreas do troço do Guadiana na região de Mérida. 

Desde 2004 - ano em que foi detectada pela primeira vez a presença da infestante no rio Guadiana - foram recolhidas cerca de 300 mil toneladas da planta oriunda do rio Amazonas e gastos 23 milhões de euros na sua recolha. 

Diariamente continuam a ser extraídas toneladas de jacinto-de-água, uma espécie que não pode ser transformada em biomassa ou em alimentação para o gado. Há quem já advogue a deslocação de manatis, um mamífero também conhecido por vaca-marinha, que tem o seu habitat no rio Amazonas, onde se alimenta de plantas aquáticas e sub-aquáticas entre as quais o jacinto-de-água. 

É patente a dificuldade revelada pelas autoridades espanholas em erradicar esta espécie infestante, que está a revelar-se nociva à vida aquática no Guadiana e uma ameaça para as albufeiras que suportam o fornecimento de água às centenas de milhar de hectares de regadio que existem na bacia hidrográfica daquele rio, em território espanhol e português.

Sugerir correcção
Comentar